De acordo com o Wall Street Journal, Israel terá mostrado ao Egipto uma proposta para retirar civis de Rafah, cidade do sul de Gaza onde se concentram milhares de palestinianos (cerca de um milhão), antes de dar início à operação terrestre de ataque à região.
No meio da crescente preocupação internacional com os planos das Forças de Defesa de Israel (IDF) de conquistar a cidade de Rafah, Israel elaborou um plano de evacuação de civis ao longo da costa mediterrânica da Palestina: 15 locais compostos por 25 mil tendas cada, na área de Al Mawasi.
Rafah, que fica na fronteira entre Gaza e Egito, é o alvo da próxima ofensiva das FDI, segundo já anunciaram os israelitas. Os Estados Unidos e a comunidade internacional alertaram para os perigos humanitários da decisão – depois de verem que as tropas israelitas já mataram um número de palestinianos que nos próximos dias chegará aos 30 mil.
No fim de semana, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu prometeu fornecer “passagem segura” para os civis que saírem de Rafah, sem especificar para onde iria o grande número de pessoas ali concentradas. A comunidade internacional teme, por outro lado, que o plano seja expulsar os refugiados para o Egipto, impedindo-os posteriormente de regressarem ao seu país.
Segundo a imprensa israelita, Juliette Touma, porta-voz da agência da ONU para refugiados palestinos (UNRWA), disse esta terça-feira que não foi informada de nenhum plano de evacuação israelita e que a organização não fez parte dele. Esta ‘falta’ propositada prova que as relações entre Israel e a ONU – que nunca foram propriamente cordiais – estão numa espécie de ponto zero.
“Para onde se vai evacuar as pessoas, já que nenhum lugar é seguro em toda a Faixa de Gaza? O norte está destruído, cheio de armas não detonadas, é praticamente inabitável”, disse. “Qualquer nova escalada da guerra será absolutamente apocalíptica”.
O secretário-geral das Nações Unidas, disse o mesmo que Touma: a organização dirigida por António Guterres “não fará parte” de qualquer deslocamento forçado dos palestinianos que vivem atualmente em Rafah, disse um porta-voz da organização.
A ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, que visitará Israel esta quarta-feira, expressou preocupação com a ofensiva iminente, afirmando que o Estado hebreu tem o direito de se defender do terrorismo, mas que isso não significa a expulsão da população. De qualquer modo, os analistas sabem que a visita não servirá com certeza para confrontar o governo de Benjamin Netanyahu. Como dizia o embaixador Seixas da Costa ao JE, “por causa da dor de consciência devida à II Guerra, a Alemanha nada faz que vá contra a vontade do governo israelita”.
Os ministros dos Negócios Estrangeiros do Canadá e do Reino Unido – dois países que até há pouco apoiavam incondicionalmente Israel mas têm ultimamente mostrado algumas reservas – também expressaram preocupação com uma operação prevista para Rafah.
Ainda esta terça-feira, o porta-voz de Segurança Nacional do presidente Joe Biden, John Kirby, enfatizou que os Estados Unidos “nunca disseram que não podem entrar em Rafah para expulsar o Hamas. O Hamas continua a ser uma ameaça para o povo israelita. E os israelitas e as IDF vão continuar as operações contra a sua liderança e as suas infraestruturas”.
“O que dissemos é que não acreditamos que seja aconselhável entrar em Rafah sem um plano adequado, executável, eficaz e credível para a segurança dos mais de um milhão de palestinianos que estão refugiados em Rafah. Eles deixaram o norte, e certamente foram para o sul de Khan Younis para tentar sair das zonas de combates. Então, Israel tem a obrigação de garantir que eles sejam protegidos.”
Entretanto, no Cairo, capital do Egipto, altos responsáveis israelitas continuam em negociações sobre um quadro de uma possível libertação de reféns – que passaria por uma trégua e pela libertação de prisioneiros palestinianos mantidos em Israel.
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