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Israel promete eliminar o novo líder do Hamas

“Vamos multiplicar os esforços para o encontrar e para o atacar”, declarou na quarta-feira o chefe do exército israelita, Herzi Halevi.
Médio Oriente Hamas Israel
FILE PHOTO: Protesters, mainly Houthi supporters, hold firearms next to a poster of assassinated Hamas chief Ismail Haniyeh, at the rally to show solidarity with Palestinians in the Gaza Strip, in Sanaa, Yemen, August 2, 2024. REUTERS/Khaled Abdullah/File Photo
8 Agosto 2024, 07h30

Israel prometeu esta quarta-feira eliminar o novo líder do Hamas, Yahya Sinwar, isto num momento em que aumentou consideravelmente o risco de o conflito com o movimento palestiniano na Faixa de Gaza – que já dura há 11 meses – se estender a outros países no Médio Oriente.

Yahya Sinwar foi designado na noite de terça-feira como novo líder do movimento islamita, substituindo Ismaïl Haniyeh, assassinado em Teerão em 31 de julho numa ação atribuída a Israel pelo Irão e outros países. Um dia antes Israel tinha abatido, num ataque perto de Beirute, Fouad Chokr, chefe militar do Hezbollah – aliado do Hamas. 

O Governo israelita também assumiu responsabilidade pelo assassínio de Mohamed Deif, líder das Brigadas Qassam do Hamas, num ataque aéreo no dia 13 de julho que matou 90 palestinianos, incluindo mulheres e crianças, e que feriu outros 300, segundo as autoridades de Gaza. 

No entanto, Israel não reivindicou o ataque mortal contra Ismaïl Haniyeh, que ocorreu em solo iraniano. O Irão prometeu represálias.

Sinwar é considerado por Israel como o ”cérebro” do ataque realizado pelo Hamas em 7 de outubro em território israelita, que  desencadeou a atual fase do conflito. Procurado por Israel, Sinwar – que já era o homem forte do Hamas na Faixa de Gaza – não aparece em público desde 7 de outubro. 

“Vamos multiplicar os esforços para o encontrar e para o atacar”, declarou na quarta-feira o chefe do exército israelita, Herzi Halevi.  

Do outro lado, o Hezbollah já declarou que “está obrigado a ripostar”. O chefe do movimento armado libanês, Hassan Nasrallah, acrescentou que, além do Hezbollah, também o Irão tem a obrigação de retaliar. 

Numa reunião na quarta-feira na Arábia Saudita, a Organização para a Cooperação Islâmica (OCI) acusou Israel de ser “inteiramente responsável” pelo assassínio de Haniyeh.

O presidente da entidade, o gambiano Mamadou Tangara, disse que o “ato ignóbil” de Israel aumenta o risco de o conflito se alargar a outras zonas do Médio Oriente.

Mais acusações de violação dos Direitos Humanos

Face ao risco de um alargamento do conflito, a comunidade internacional tenta relançar negociações com vista a um cessar-fogo e à libertação dos reféns israelitas retidos em Gaza. Os países mediados – Estados Unidos, Qatar e Egipto – têm lançado várias iniciativas diplomáticas, num momento em que, além das acusações de crimes de guerra praticados pelas forças armadas israelitas, também se multiplicam os relatos de violações dos direitos humanos.

O jornal britânico The Guardian noticiou esta semana, com base em entrevistas a prisioneiros palestinianos libertados de prisões israelitas, que há um ambiente “sistémico de maus tratos” no sistema prisional, que expõe os detidos a violência, fome extrema, humilhação e outros tipos de abuso. A organização de direitos humanos B’Tselem, baseada em Jerusalém, considera mesmo que se trata de uma política de “abuso institucionalizado”.

Os antigos detidos descrevem abusos que vão desde espancamentos graves a violência sexual, passando por submeter os prisioneiros a fome ou recusa de cuidados médicos. Também há relatos de privação de necessidades básicas como água, luz do dia, eletricidade, saneamento ou cuidados de higiene.

No decorrer de uma investigação que durou meses, o grupo B’Tselem falou com 55 antigos prisioneiros em 16 prisões e centros de detenção administrados pelas Forças de Defesa Israelitas (IDF). Ao registar a escala e a natureza dos abusos, a organização de direitos humanos concluiu que as prisões israelitas deveriam merecer a designação de “campos de tortura”.

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