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“Isto coloca um desafio a Rui Rio e ao PSD”, considera politólogo António Costa Pinto

Rui Rio e o PSD passam a ser, na opinião do politólogo, em declarações ao Jornal Económico, “o fiel da balança desta coligação negativa, uma vez que os restantes partidos em princípio manterão aquilo que já aprovaram na comissão de educação”.
  • Foto cedida
3 Maio 2019, 19h34

Que análise faz às declarações do primeiro ministro António Costa?

O primeiro-ministro fez o discurso que tinha de fazer, demonstrando que o Governo do Partido Socialista é coerente com aquilo que foi o seu programa, independentemente dos acordos cumpridos com os partidos à sua esquerda.

Com esta dramatização, António Costa coloca fundamentalmente o Partido Socialista, ao contrário do que muitos esperavam, no lugar em que sempre esteve. Ou seja, um partido moderado de centro-esquerda que coloca agora um desafio ao Parlamento que, perante uma coligação negativa, evidentemente precipitará eleições antecipadas com a sua demissão.

O cenário de eleições antecipadas apenas vai aumentar a incerteza, visto que na pior perspectiva, ou seja, de termos eleições antecipadas estas são e serão pouco antecipadas e no fundamental o setor macroeconómico político para 2019 está definido no orçamento geral do Estado, que não sofrerá no fundamental nenhuma alteração.

Perante esta coligação negativa, os partidos à esquerda do Partido Socialista limitam-se a ser coerentes com o que no fundamental sempre defenderam, em relação a esta questão específica dos professores. Isto coloca um desafio à direita do espectro político que já foi bem visível no discurso de Assunção Cristas, que aliás lançou esta manhã o desafio “vamos a eleições, estamos preparados para elas”, mas colocam agora em Rui Rio e no PSD fiel da balança desta coligação negativa, uma vez que os restantes partidos em princípio manterão aquilo que já aprovaram na comissão de educação.

Mas a unidade na designada ‘geringonça’ não ficou fragilizada?

A unidade da geringonça desapareceu com o orçamento para 2019. Com o cenário de duas eleições (europeias e legislativas) é natural que os três partidos regressem à habitual demarcação. Convem não esquecer que se trataram de acordos parlamentares e dinâmicas de coligação. Em ano eleitoral a geringonça formalmente extinguiu-se com a aprovação do orçamento de 2019.

Este ultimato pode beneficiar o Governo na campanha para as próximas eleições?

Não consigo dizer isso. É um exercício de astrologia. O que acontece, sem dúvida nenhuma, abre um aumento da incerteza sobre as atitudes eleitorais dos portugueses numa conjuntura de crise. Uma coisa é certa: a campanha eleitoral para o Parlamento europeu terminou. Salvo uma solução inesperada deste problema, as primeiras duas semanas pré-eleitoral serão dominadas por esta ameaça de crise e demissão. Essa é a primeira consequência.

Quanto à atitude o importante a realçar é a incerteza com um ponto importante: para o melhor ou pior, o Partido Socialista reforçou aquilo que é no fundamental a imagem que foi adquirindo um longo da geringonça, porque embora com o apoio dos partidos à sua esquerda, a verdade é que não houve alterações significativas na política económica social e no discurso do Partido Socialista.

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