[weglot_switcher]

BPI vê estabilização nas comissões bancárias em 2024

O CEO do BPI afasta alterações significativas nas comissões que o banco cobra aos seus clientes, acompanhando o movimento da Caixa Geral de Depósitos, que decidiu “congelar” o preçário pelo segundo ano consecutivo. 
Cristina Bernardo
6 Fevereiro 2024, 07h30

O BPI afasta alterações significativas ao seu preçário durante 2024, prevendo uma estabilização nos custos cobrados aos clientes pelos serviços prestados. Esta posição é assumida depois de a Caixa Geral de Depósitos (CGD) ter também afirmado que irá manter as suas comissões “congeladas” pelo segundo ano consecutivo, como forma de apoiar as famílias portuguesas num período de inflação ainda elevada.

“O preçário faz parte daquilo que é o funcionamento de uma casa comercial, que tem clientes, que compete” e eu “não compito apenas com bancos portugueses, mas também com bancos internacionais que não têm o mesmo level playing field”, começou por dizer João Pedro Oliveira e Costa, CEO do BPI, na apresentação de resultados referentes a 2023, quando a instituição lucrou 524 milhões de euros – um número que leva o gestor a afirmar que pretende pagar dividendos ao acionista CaixaBank. Para este resultado, Portugal contribuiu com 440 milhões.

Se, por um lado, é preciso ter em conta o que se passa no mercado, por outro, o banco avalia os custos aplicados aos clientes e qual a sua razoabilidade, explicou. Nesse sentido, “não tenho nenhuma perspetiva de haver algum movimento importante ao nível das comissões”, afirmou o banqueiro quando questionado se iria seguir o caminho da Caixa Geral de Depósitos (CGD).

Este será o segundo ano consecutivo que o banco público manterá o preçário “congelado”. Foi no Fórum Banca 2024, organizado na semana passada pelo Jornal Económico e pela PwC, que Paulo Macedo aproveitou para anunciar que este ano, mais uma vez, não vai aumentar as comissões bancárias. “Não vamos mexer no preçário”, disse o CEO da CGD, e com isto “estamos a contribuir para reduzir a inflação”. O objetivo, explicou depois a instituição financeira num comunicado, é “ajudar as famílias portuguesas a manter o orçamento familiar num contexto de elevada inflação”.

No caso do BPI, o presidente executivo admitiu que “pode haver um ajuste numa coisa ou noutra”, nomeadamente para “motivar os clientes a utilizar outras ferramentas a custo zero”. Mas “globalmente, nos serviços globais do banco, a ideia é haver uma manutenção nesse aspeto”, referiu, relembrando que é importante ter em conta que há inflação.

Em 2023, as comissões líquidas mantiveram-se relativamente estáveis nos 291 milhões de euros. “Destaca-se o crescimento da abertura de novas contas, das operações de emissão  e dívida de empresas e da comercialização de fundos e seguros de capitalização”, sublinhou o banco no comunicado de resultados divulgado esta segunda-feira.

Neste período, o produto bancário comercial situou-se nos 1.255 milhões de euros, o que representa um crescimento de 43% face a 2022. A margem financeira deu um forte contributo ao crescer 72% para 943 milhões de euros, refletindo, diz o banco, “a subida das taxas de juro de mercado e o crescimento do volume de crédito, sendo por outro lado penalizada pela subida do custo dos depósitos e das emissões de dívida (obrigações hipotecárias e de MREL)”.

A carteira total de crédito a clientes (bruto) aumentou 3% para 30,1 mil milhões. Enquanto a carteira de crédito à habitação cresceu 3% para 14,6 mil milhões, a contratação de habitação diminuiu 10% face ao ano anterior, alcançando cerca de 2,4 mil milhões. Uma discrepância que se deve ao facto de “crescer mais depressa o novo crédito à habitação que entra na carteira do banco do que aquele que é amortizado normalmente pelos clientes”, explicou João Pedro Oliveira e Costa.

Olhando para 2024, “a nossa perspetiva é, de acordo com a velocidade do mercado e as análises que temos, que o volume de crédito à habitação seja semelhante a 2023”, estimou o CEO do BPI, frisando que há aspetos que podem tornar esta projeção mais otimista, nomeadamente a perspetiva de uma descida das taxas de juro este ano, o que “pode criar uma folga”. Mas isto “vai depender muito do mercado e da dinâmica do mercado imobiliário”.

Esta descida dos juros poderá ajudar os clientes a conseguirem contratar crédito, mas irá afetar a margem dos bancos. “No nosso cenário de taxas de juro, vai haver uma redução nos próximos anos de forma sustentável e isso terá, claramente, impacto negativo nos resultados dos bancos”. É neste ambiente que prevê um ajustamento nos resultados do sector. “Não vejo resultados como temos agora. Vamos entrar num mundo de normalização”, disse o CEO do BPI.

Sobre o mercado imobiliário, o gestor alertou que é “importante que este tema esteja no centro da discussão no país”, pois “faltam dezenas de milhares de casas”. De acordo com o presidente executivo do banco detido pelo CaixaBank, nos últimos anos “não houve construção, não houve um plano ou uma estratégica”.

Os números do BPI são apresentados depois de o Novobanco – cuja compra foi afastada por João Pedro Oliveira e Costa na conferência de imprensa – ter revelado lucros de 743 milhões de euros e o Santander Portugal ter apresentado um resultado de 895 milhões de euros.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.