[weglot_switcher]

DBRS coloca ‘rating’ português no mesmo nível que Espanha

Com a segunda subida de notação em menos de um ano, a agência canadiana equipara agora os títulos de dívida portugueses aos espanhóis, ambos avaliados com ‘A’ e perspetiva ‘estável’. Evolução das finanças públicas explica grande parte da decisão.
24 Julho 2023, 07h30

A DBRS voltou a subir a notação da dívida nacional, a segunda vez que tal acontece no último ano, explicando a decisão com a melhoria das finanças públicas nacionais apesar do desafiante contexto internacional. Portugal aproxima-se assim da situação espanhola nos mercados, em linha com o que tem acontecido do lado da dívida, afastando-se cada vez mais dos anos perto do lixo especulativo.

A notação da agência canadiana para os títulos portugueses de dívida voltou a melhorar, passando agora a ‘A’; há um ano, estava em ‘BBB’ com perspetiva ‘positiva’, tendo finalmente subido para ‘A (baixo)’ em agosto.

Agora, a DBRS explica a decisão com a boa performance da economia nacional. “As finanças públicas têm beneficiado de crescimento económico saudável, um aumento consistente na recita fiscal e aceleração do consumo pós-crise”, argumenta a nota, o que tem permitido sustentar a redução da dívida nacional.

Também a disciplina orçamental do Governo é elogiada, sobretudo o baixo défice atingido no ano passado e o previsto para este ano, que pode até ser já de superavit, projeta a DBRS. Do lado do crescimento, que até pode surpreender este ano face ao abrandamento significativo esperado, o Plano de Recuperação e Resiliência pode dar um ímpeto acrescido.

Por outro lado, o crescimento das exportações tem sido um forte estímulo ao crescimento, com a DBRS a argumentar que as debilidades externas portuguesas têm vindo a diminuir bastante, sobretudo quando comparadas com o período pré-troika. A possibilidade de um saldo externo nulo em 2025 é real, antecipa, o que espelha bem a afirmação do sector exportador nacional.

No sector financeiro, a posição do país é sólida e suficientemente robusta “para absorver qualquer deterioração futura na qualidade dos ativos decorrente da subida de custos”, nomeadamente da subida agressiva de juros em curso na zona euro. A agência canadiana reconhece na exposição das hipotecas portuguesas a taxas variáveis uma fragilidade, mas realça que o país tem conseguido uma recuperação “com crescimento contínuo no emprego, taxa de participação e rendimentos”.

Portugal fica assim com uma notação na DBRS semelhante à espanhola, afastando-se ainda mais dos países mais endividados do Sul, neste caso, Itália e Grécia. As principais agências de notação financeira têm estado atentas à redução da dívida pública portuguesa, tendo todas melhorado a avaliação e/ou as perspetivas nacionais no último ano.

Ainda assim, apenas a DBRS equipara os títulos nacionais aos espanhóis, com as restantes principais agências (Fitch, Moody’s e Standard & Poor’s) a darem uma melhor nota à dívida do país nosso vizinho. Por outro lado, as quatro classificam a dívida portuguesa acima da italiana, que fica perto do lixo especulativo na Fitch e S&P. A título comparativo, Itália fechou 2022 com 144,7% de dívida em função do PIB, muito acima dos 113,9% nacionais ou dos 113,2% de Espanha.

RELACIONADO
Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.