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Subida da inflação e das expectativas dos consumidores não deve afetar rumo do BCE

Depois de um fecho de ano bastante cauteloso, os dados da inflação e, sobretudo, das expectativas dos consumidores quanto aos preços dão argumentos aos ‘falcões’ do BCE, mas a prioridade continuará a ser apoiar uma economia estagnada.
8 Janeiro 2025, 07h00

Apesar de esperada, a subida da inflação na zona euro no final de 2024 dá força aos membros mais agressivos do Banco Central Europeu (BCE), isto depois de a autoridade monetária europeia ter fechado o ano num tom claramente precavido e cauteloso. Além da subida do indicador de preços, as expectativas dos consumidores quanto à inflação nos próximos 12 meses subiram, mas o rumo dos juros este ano não deve sofrer.

A inflação homóloga de dezembro terá subido em relação ao mês anterior, de acordo com a estimativa rápida publicada pelo Eurostat esta terça-feira, passando de 2,2% em novembro para 2,4%. Tal resulta numa inflação média de 2,37% para o ano que fechou recentemente, além de um valor médio para o quarto trimestre 0,1 pontos percentuais (p.p.) abaixo da previsão do BCE, ajudando as ‘pombas’ do banco central.

Apesar da postura mais ‘dovish’ no final do ano parecer ameaçada pela subida nominal da inflação, o indicador core mantém-se estável há três meses, sinalizando a tendência implícita de desinflação na zona euro. Por outro lado, e claramente mais preocupante para os decisores de política monetária europeus, o inquérito do banco central aos consumidores de novembro mostra uma ligeira subida das expectativas de inflação nos próximos 12 meses.

Este indicador subiu de 2,5% para 2,6%, o que, apesar de ser um salto de apenas 0,1 p.p., significa uma pressão nos preços mais difícil de combater, um sinal que o BCE receberá com preocupação, destacam os analistas. A isto soma-se a subida das expectativas a três anos, que passaram de 2,1% para 2,4%, o que sugere que os consumidores europeus se preparam para um ambiente de inflação estruturalmente mais elevada.

Ainda assim, a Pantheon Macro continua a antecipar um corte de apenas 25 pontos base (p.b.) na próxima reunião do BCE, mantendo a projeção para o resto do ano – ou seja, mais reduções da mesma magnitude em março e junho até uma taxa terminal de 2,25% no verão. Contudo, o indicador de preços arrisca voltar a subir “a meio deste ano, […] devido, em parte, aos preços do gás natural.”

Já o banco neerlandês ING destaca a inflação do lado dos serviços, que tem sido a principal dor de cabeça do BCE na luta contra a pressão nos preços do último ano e meio. O subindicador subiu 0,1 p.p. até 4%, um valor pouco condizente com uma inflação de 2% no médio prazo.

“Apesar de esperarmos que o crescimento salarial desacelere na segunda metade do ano, devido a um mercado laboral mais fraco, a inflação nos serviços deve ficar acima de 3,5% na primeira metade”, escrevem os analistas do banco. A projeção passa por mais cortes de juros este ano, “mas é agora improvável que o ritmo de descidas acelere”, como chegou a ser sugerido no final de 2024.

 

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