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Jerónimo de Sousa: “Foram muitas as vezes que o PS se encostou à direita para questões fundamentais”

À semelhança do que havia dito na noite eleitoral, o líder comunista considerou que os resultados eleitorais da CDU são um “resultado negativo para o país”.
  • Jerónimo de Sousa
9 Outubro 2019, 10h21

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, voltou a reafirmar esta quarta-feira que há quatro anos existiu uma posição conjunta, mas que o cenário atualmente é diferente e que a “estabilidade está nas mãos do próprio PS”.

“Durante estes quatro anos foram muitas as vezes que o PS se encostou à direita para questões fundamentais”, disse Jerónimo de Sousa, em conferência de imprensa, no rescaldo das conclusões do Comité Central que reuniu na terça-feira para analisar os resultados eleitorais.

“O PS conhece as posições e propostas da CDU, nós ainda não conhecemos os conteúdos e perspectivas do PS, não me vou adiantar [antes da reunião desta tarde] sem esse conhecimento prévio aquilo que anima o PS”, acrescentou, questionado sobre o encontro agendado com os socialistas para esta quarta-feira às 16 horas.

“É uma posição justa da nossa parte, se o PS tivesse uma maioria absoluta ficaria de mãos livres para retomar aspetos essenciais das suas opções de política de direita que na última legislatura as circunstâncias obrigaram a conter”, afirmou Jerónimo de Sousa.

“Só quem inventou e fomentou essa ideia de que haveria uma coligação, uma maioria de esquerda, uma maioria parlamentar de esquerda, pode agora vir dizer que deixou de haver uma coisa que nunca existiu”, acrescentou.

“O PCP avançou com a ideia de que o PS podia formar Governo, e assim aconteceu, mas isto era com o objetivo de desbloqueamento do impasse institucional há quatro anos. Hoje temos um quadro diferente, independentemente da relação de forças ser idêntica à de 2015, aqui a diferença substantiva é que nunca houve da nossa parte um compromisso para um acordo, um acordo parlamentar, um acordo de Governo, ou com um Governo de esquerda”, analisou o secretário-geral dos comunistas.

“O PCP sempre afirmou a sua independência, naturalmente deu uma contribuição decisiva nestes quatro anos para avanços importantes na vida dos portugueses, mas esquecer que esta afirmação de independência, esquecer que durante quatro anos foram muitas as vezes em que o PS se encostou claramente à direita em questões fundamentais, então o tal acordo só funcionava para um lado e não para outro? Não foi este Governo do PS que se entendeu com o PSD em relação às PPP, em relação à Uber, em relação ao Banif, em relação à legislação laboral? É uma demonstração clara de que não havia nenhum acordo inter-parlamentar”, criticou Jerónimo de Sousa.

À semelhança do que havia dito na noite eleitoral, o líder comunista considerou que os resultados eleitorais da CDU são um “resultado negativo para o país” e voltou a destacar as reivindicações dos comunistas, entre os quais o aumento do salário mínimo para 850 euros, aumento das pensões e investimento no Serviço Nacional de Saúde.

O PCP perdeu cinco deputados nas eleições legislativas deste ano, conquistando 12 deputados com 6,46% dos votos – abaixo dos 8,27% alcançados em 2015. Os comunistas elegeram quatro deputados em Lisboa, três em Setúbal, dois no Porto e um em Beja, Évora e Santarém.

  • Notícia atualizada às 10h59
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