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Jerónimo Martins: lucros atingem os 253 milhões no primeiro semestre, uma quebra de 30%

Vendas crescem 12,3% para 16,3 mil milhões de euros (mais 5,5%), com o EBITDA a subir 3,5% para mil milhões, com a respetiva margem a fixar-se nos 6,4% (6,9% no primeiro semestre de 2023).
3 – Jerónimo Martins
24 Julho 2024, 18h30

No primeiro semestre do ano, o grupo Jerónimo Martins atingiu um volume de vendas que cresceu 12,3% para 16,3 mil milhões de euros (mais 5,5%, a taxas de câmbio constantes), ao mesmo tempo que o EBITDA subia 3,5% para mil milhões (mas menos 3% a taxas de câmbio constantes), com a respetiva margem a fixar-se nos 6,4% (6,9% no primeiro semestre de 2023).

Os resultados líquidos atingiram os 253 milhões de euros, “incorporando dotação inicial de 40 milhões da recém-criada Fundação Jerónimo Martins. Este resultado incorra também uma diminuição de quase 30% em relação aos 356 milhões obtidos no final do mesmo período do ano passado.

O Cash Flow no período em referência foi de menos 383 milhões, “impactado pelos efeitos da deflação no crescimento”. A dívida líquida situa-se agora nos 3,2 mil milhões de euros. Excluindo a IFRS16, o Grupo apresenta uma posição líquida de caixa que se cifra em €394 M no final de junho, já depois do pagamento de 411,6 milhões de dividendos.

Nos primeiros seis meses do ano, “a determinação e o foco das nossas insígnias em manterem a competitividade de preço permitiram-lhes reforçar as suas posições de mercado num contexto de intensificação do ambiente concorrencial”, refere o grupo em comunicado enviado à CMVM.

Apesar de impactado pela deflação do cabaz, “a resiliência do desempenho LFL reflete os aumentos significativos dos volumes, sobretudo na Biedronka e no Pingo Doce”.

No período, a margem EBITDA foi substancialmente pressionada pela combinação do desacelerar significativo da inflação alimentar, num movimento de correção dos aumentos extraordinários verificados nos anos anteriores, com uma elevada inflação ao nível dos custos, essencialmente motivada pela subida dos salários, refere ainda o comunicado.

“Em face de um mercado alimentar pouco reativo e de intensa concorrência, a Biedronka apostou na sua dinâmica comercial e aumentou o investimento em preço. O trabalho notável e a competência das equipas permitiram à insígnia reforçar a sua base de consumidores, crescer volumes ao longo de todo o período, e ganhar continuadamente quota de mercado no semestre”.

Também na Polónia, a Hebe registou um bom desempenho dos primeiros seis meses do ano, com a evolução das vendas e da rentabilidade a confirmar a eficácia da sua abordagem multicanal.

Em Portugal, o Pingo Doce e o Recheio registaram um sólido desempenho. A aposta no conceito “All About Food” permitiu ao Pingo Doce mitigar os efeitos da deflação no cabaz e impulsionar as vendas num mercado cada vez mais competitivo. Já o Recheio aumentou o número de clientes em todos os segmentos e prosseguiu a expansão da rede de lojas parceiras Amanhecer como forma de continuar a crescer vendas e a consolidar a sua liderança de mercado.

Na Colômbia, o contexto de consumo manteve-se fortemente pressionado pelos preços altos resultantes da elevada inflação alimentar dos últimos três anos: desde janeiro de 2021 os preços dos alimentos aumentaram 67%, fazendo cair “dramaticamente o poder de compra dos colombianos cujos salários reais diminuíram cerca de 40%. Neste enquadramento, a Ara foi bem-sucedida nos seus esforços para conseguir, em linha com a nossa visão de longo prazo, ajudar as famílias, fortalecer a sua posição de mercado e melhorar a rentabilidade”.

As vendas do Grupo cresceram 12,3% (+5,5% se excluído o efeito da valorização do zloty e do peso colombiano) apesar da forte deflação registada nos cabazes de quase todas as nossas insígnias ao longo do semestre. O desempenho do segundo trimestre deste ano incorpora, para além da deflação, o efeito negativo de calendário, essencialmente devido à Páscoa que em 2023 ocorreu no segundo trimestre do ano.

O EBITDA consolidado subiu 3,5% (-3% a taxas de câmbio constantes), acusando a pressão do investimento em preço e da desalavancagem operacional. A respetiva margem reduziu-se em 54 p.b. face ao primeiro semestre do ano anterior.

No final de junho, o balanço do Grupo apresentava uma posição líquida de caixa (excluindo a IFRS16) de 394 milhões de euros, incorporando o pagamento, em maio, de 411,6 milhões de euros em dividendos, bem como o impacto, na geração de fundos, do abrandamento do crescimento das vendas.

Apesar dos desafios e do trabalho árduo em todas as frentes dos negócios, o Grupo continua a avançar na sua agenda de sustentabilidade, e, já em 2024, foi o primeiro retalhista em Portugal, e um dos primeiros retalhistas alimentares a nível mundial, a ver reconhecidas e validadas pela Science Base Target Initiative as suas metas de curto e de longo prazos para atingir a neutralidade carbónica em 2050. Esta validação abrange as operações do Grupo e a cadeia de valor, incluindo as emissões provenientes de florestas, solos e agricultura associadas aos produtos que produz e comercializa.

No alinhamento entre finanças e sustentabilidade, o Grupo preparou ainda, e viu também validado já em 2024, o seu Sustainable Finance Framework, que facilitará a obtenção de financiamentos ou produtos financeiros ligados a metas de sustentabilidade, em todos os países onde opera.

Mais detalhadamente, em Portugal inflação alimentar foi de 1,7% no primeiro semestre e 2,2% no segundo trimestre, segundo o grupo.
“Os consumidores mantiveram um comportamento conservador, valorizando as oportunidades promocionais”. O Pingo Doce, que, desde o início do ano, vem reforçando a sua dinâmica comercial e conta com cada vez mais lojas remodeladas para o conceito “All About Food”, atingiu vendas de 2,4 mil milhões de euros, um crescimento de 5,9%, com um LFL de 6,1% (excluindo
combustível) no 1S. Importa referir que a insígnia operou com deflação no cabaz, sendo notório o contributo do forte aumento de volumes registado nestes primeiros seis meses do ano, refere o comunicado.
No segundo trimestre, incorporando um efeito negativo de calendário relativo à ausência de Páscoa no período, as vendas cresceram 3,7% com um LFL de 3,1% (excluindo combustível). Neste período, o Pingo Doce inaugurou 4 lojas (3 adições líquidas). O programa de
remodelações avançou, abrangendo 41 lojas no semestre.
O EBITDA do Pingo Doce cifrou-se em 132 milhões de euros, 2,4% acima do mesmo período do ano anterior, tendo a respetiva margem atingido 5,5% (5,7% no 1S 23). O investimento em preço e a inflação registada nos custos pressionaram a margem EBITDA no período.

Já a rede Recheio registou vendas de 645 milhões de euros, 2,1% acima do primeiro semestre do ano anterior, com um LFL de 2,1%. No segundo trimestre, as vendas foram de 342 milhões de euros, 1,6% acima do segundo trimestre de 2023 com um LFL de 1%.
O desempenho do canal HoReCa tem refletido o impacto negativo da fragilidade do consumo interno no out-of-home. Ainda assim, e apesar dos bons resultados registados nos anos anteriores, o Recheio, nos primeiros seis meses do ano, voltou a crescer o número de clientes em todos os segmentos da operação, tendo também aumentado as parcerias na rede de lojas Amanhecer, que, no final de junho, contava com 651 estabelecimentos. O EBITDA da insígnia cifrou-se em 30 milhões de euros, 6,8% abaixo do mesmo período do ano anterior, tendo a respetiva margem atingido 4,6% (5,1% no mesmo período do ano passado), pressionada pelo reforço da dinâmica comercial.

 

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