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Joe Biden lança Cimeira pela Democracia no meio de críticas

Era uma promessa da candidatura do atual presidente dos Estados Unidos, mas o regime de convites tem motivado acesas críticas a algumas decisões da Casa Branca. Está prevista pelo menos uma segunda cimeira sob o mesmo tema.
9 Dezembro 2021, 08h00

A Cimeira pela Democracia, que se realiza virtualmente entre 9 e 10 de dezembro, foi uma promessa de campanha do na altura candidato a presidente dos Estados Unidos Joe Biden, mas o regime a que está sujeito, os convites, promete ser mais uma dor de cabeça internacional para o agora ocupante da Casa Branca.

É que Joe Biden decidiu, por via dos convites, estabelecer uma espécie de fronteira entre o mundo das democracias e aquele que não a professa, tendo-se socorrido para isso de uma listagem que se tornou polémica. Assim, deixou de lado as monarquias da península arábica – que são, quase todas, consideradas apoios importantes dos Estados Unidos no Médio Oriente, para além de serem um recurso praticamente infinito para o poderoso e influente sector norte-americano da produção de armamento. Que não ficou satisfeito com as escolhas da Casa Branca.

Por outro lado, ao deixar de fora os Emirados mas também Marrocos, Joe Biden deu um sinal negativo a dois países que aceitaram subscrever os Acordos de Abraão – que preveem a instauração de relações diplomáticas entre países muçulmanos e Israel e foi da autoria do ex-presidente Donald Trump mas é acarinhado pela administração democrata.

Outra escolha que mereceu reservas foi o facto de Moçambique ter ficado de fora dos convites, mas não Angola – nem qualquer outro país da CPLP, com a evidente exceção da Guiné Equatorial.

No meio da polémica, fica em causa a extensão temporal da cimeira, que Biden quer que se assuma como uma espécie de reunião, na medida do possível anual, do lado ‘bom’ do mundo.

Oficialmente, a cimeira é descrita como um statemente da administração democrata: “Desde o primeiro dia, a administração Biden-Harris deixou claro que renovar a democracia nos Estados Unidos e em todo o mundo é essencial para enfrentar os desafios sem precedentes do nosso tempo. Como declarou o presidente Biden no Dia Internacional da Democracia, nenhuma democracia é perfeita e nenhuma democracia é definitiva. Cada ganho obtido, cada barreira ultrapassada, é o resultado de um trabalho determinado e incessante”.

Assim, “de 9 a 10 de dezembro de 2021, o presidente Biden sediará a primeira de duas Cimeiras pela Democracia, que reunirá líderes do governo, da sociedade civil e do sector privado para estabelecer uma agenda afirmativa para a renovação democrática e para enfrentar as maiores ameaças às democracias por meio da uma ação coletiva”, refere o Departamento de Estado norte-americano.

Das seções, a primeira delas tendo decorrido esta quarta-feira, 8 de dezembro, constam um Debate de Jovens Líderes Democratas, um Fórum do Sector Privado que se debruçará sobre Democracia e Empresas Privadas Trabalhando Juntas, e fóruns que discutirão o papel da mulher, a influência da internet nas democracias, e inovação e democracia.

Para este 9 de dezembro estão previstas intervenções de Biden, da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. No dia seguinte será a vez de António Guterres, secretário-geral da ONU (o único português incluído no alinhamento), e de Magdalena Andersson, primeira-ministra da Suécia. A cimeira não esquecerá os dissidentes dos países não convidados: a bielorrussa Sviatlana Tsikhanouskaya e o venezuelano Juan Guaidó também discursarão no âmbito da cimeira. O mesmo acontecerá com Maria Ressa e Dmitry Muratov, ambos Nobel da Paz de 2021.

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