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Johnson sofre a primeira rebelião no partido por causa da… Huawei

O governo do Reino Unido evita no último minuto uma moção contra a participação do gigante tecnológico chinês no desenvolvimento do 5G. Afinal, as ‘ordens’ da casa Branca são para se cumprir.
11 Março 2020, 07h25

O governo britânico de Boris Johnson sofreu a sua primeira rebelião nas fileiras do grupo parlamentar conservador, devido à oposição de um bloco de deputados à participação da gigante tecnológica chinesa Huawei no desenvolvimento do 5G no Reino Unido.

Liderados pelo ex-chefe do Partido Conservador Ian Duncan Smith, 38 parlamentares conservadores apoiaram uma emenda ao projeto de lei de telecomunicações e infraestruturas que tentava garantir que a tecnologia da empresa chinesa deixasse de ser usada nas redes britânicas.

Johnson conseguiu que a emenda, apoiada pela oposição trabalhista, não tivesse êxito, mas a votação ficou em 282 votos a favor da emenda e 306 contra (os conservadores têm 365 lugares e os trabalhistas 202), o que constitui um sério aviso ao primeiro-ministro: a hegemonia que parecia ter conseguido no interior do partido em 12 de dezembro, data das eleições, parece não ser tão clara quanto parecia.

O que também ficou claro é que as ‘ordens’ vindas da Casa Branca, segundo as quais os Estados europeus devem abster-se de usarem tecnologia chinesa (e principalmente da Huawei) no 5G são para serem seguidas, pelo menos por um número não despiciendo de deputados conservadores britânicos.

Surpreendentemente, o governo de Johnson resistiu à pressão dos Estados Unidos e deu luz verde, com condições, à participação da Huawei no desenvolvimento da nova fase do 5G no Reino Unido. A empresa não poderá monopolizar mais de 35% das infraestruturas implantadas ou aceder aos núcleos mais sensíveis da nova rede (onde se incluem instalações militares e de segurança interna e externa).

“Depois de discutir a questão da Huawei com muitos deputados interessados, e depois de ver o resultado da votação, ficou claro para mim que a futura lei deverá excluir os chamados ‘provedores de alto risco’ [em referência à Huawei] do mercado britânico de telecomunicações”, escreveu o deputado Steve Baker, um eurocéptico de primeira linha agora aliado de Johnson e especialista em organizar rebeliões parlamentares contra a ex-primeira-ministra Theresa May.

Segundo Baker, a batalha sobre o caso Huawei está, no interior da Câmara dos Comuns, apenas a começar: se mais 12 deputados mudarem o seu sentido de voto e a emenda regressar à votação, Johnson sofre uma derrota. E a Huawei também.

Duncan Smith, que em tempos comparou a China ao regime alemão nazi, é apenas um dos ‘históricos’ conservadores que não querem ver a tecnologia chinesa no interior dos dispositivos de telecomunicações. Liam Fox, ex-ministro conservador do Comércio Internacional, também faz parte do grupo.

O governo de Johnson prometeu aos deputados rebeldes que o assunto será debatido com pormenor antes de surgia a futura lei. Para isso, vai pedir pareceres à chama aliança ‘Five Eyes’ (uma parceria de segurança e espionagem entre a Austrália, Canadá, Nova Zelândia, Estados Unidos e Reino Unido) e ao Centro Nacional de Cibersegurança sobre a Huawei.

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