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Jovens da área da saúde pouco motivados para funções de liderança

Estudo do Movimento LIFE revela que 45% dos inquiridos sem posições de chefia não desejam exercer cargos de liderança. Excesso de responsabilidade sabendo de antemão que a capacidade de resposta pode ser limitada e demasiado ‘stress’ são razões apontadas.
5 Junho 2025, 13h02

A nova geração de profissionais que trabalham no setor da saúde mostra-se pouco motivada para assumir cargos de liderança, com cerca de metade (45%) a afirmar que não deseja alcançar posições de chefia nas organizações.

O estudo do Movimento LIFE “O que estamos a fazer para assegurar lideranças no futuro?”  foi realizado com base em inquéritos a 500 profissionais até aos 40 anos que trabalham no setor da saúde em Portugal, tanto a nível público como privado.

O estudo também conclui que entre as mulheres, apenas 32% das que ainda não lideram gostariam de vir a liderar, comparado com 50% dos homens.

Para os jovens que rejeitam a liderança, as razões são claras: “excesso de responsabilidade sabendo de antemão que a capacidade de resposta pode ser limitada, demasiado stress e preferência por trabalho individual, sem responsabilidade de coordenação de outras pessoas”.

O que teria de estar garantido para que esta jovem geração da saúde considerasse um lugar de liderança? Maior compensação/benefícios financeiros, recursos humanos/materiais adequados e “ser menos stressante” são as respostas mais frequentes.

Mais de 60% de todos os inquiridos acreditam que há cada vez menos pessoas dispostas a liderar. As razões apontadas são, sobretudo, exigência do cargo e responsabilidade, remuneração desadequada face às responsabilidades e, genericamente, falta de motivação.

Outro fator crítico evidenciado pelo estudo é a falta de preparação formal para a liderança. Apenas 14% dos profissionais que ocupam cargos de chefia afirmam ter um plano ou estratégia para formar novos líderes. A maioria dos que hoje lideram fê-lo através de experiência acumulada e formação técnica, muitas vezes sem ferramentas de gestão de pessoas ou desenvolvimento organizacional, refere o estudo.

Os mais jovens que ambicionam liderar procuram preparar-se sobretudo com formação em soft skills, como gestão de conflitos, inteligência emocional e comunicação assertiva – áreas que sentem faltar nos seus contextos atuais.

O estudo também confirma que a perceção sobre a liderança continua marcada pela desigualdade de género. São 75% os inquiridos a considerar que a parentalidade tem maior impacto na carreira das mulheres, sobretudo porque as responsabilidades parentais ainda recaem muito sobre as mulheres. As mulheres percecionam mais obstáculos, com 88% a considerarem que ser mãe tem impacto no acesso à liderança.

“Esta realidade contribui para um círculo vicioso: menos mulheres em cargos de decisão, menos modelos de referência, menos inspiração para liderar”, considera o Movimento LIFE sobre o significado destes resultados. “Se a próxima geração rejeita liderar, que futuro teremos?”, questiona uma das fundadoras, Cláudia Ricardo. “Precisamos de reinventar o modelo de liderança na saúde – um modelo que valorize as pessoas, equilibre a responsabilidade com o reconhecimento e promova a diversidade como motor de inovação e justiça”, adianta.

O Movimento LIFE – Liderança no Feminino na Saúde foi lançado a 2 de março de 2023, no CCB, em Lisboa.

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