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Julius Baer mantém recomendação de compra de dívida portuguesa

O banco suíço disse estar “confiante” na recuperação económica do país em 2021, ano em que Portugal deverá recuperar parte das perdas registadas este ano. E, a médio prazo, sinaliza que “Portugal vai beneficiar das tendências macroeconómicas no pós-Covid-19, como a aproximação das cadeias de valor e a desglobalização”,
13 Maio 2020, 12h08

O banco suíço Julius Baer manteve a recomendação de compra de dívida soberana portuguesa apesar da “deterioração” das contas públicas e do oulook “adverso” para a economia no curto-prazo.

“Portugal demonstrou habilidade nas reformas do mercado de trabalho e das pensões, tem reduzida necessidade de refinanciamento externo e vai beneficiar no longo-prazo das tendências de aproximação das cadeias de valor e do turismo intra-europeu”, explicou Markus Allenspach, analista do Julius Baer.

Os economistas das instituição financeira antecipam, em linha com a Comissão Europeia, uma contração da economia portuguesa de 6,5% em 2020, devido à contração do número de turistas que chegaram ao país, que caiu 62,3% em março, a que se junta o declínio da procura doméstica devido às restrições na mobilidade.

O banco disse estar “confiante” na recuperação económica do país em 2021, ano em que Portugal deverá recuperar parte das perdas registadas este ano. E, a médio prazo, o Julius Baer sinaliza que “Portugal vai beneficiar das tendências macroeconómicas no pós-Covid-19, como a aproximação das cadeias de valor e a desglobalização, isto é, a mudança da produção da Ásia para países mais próximos ao consumidor final, e a reconfiguração do turismo para resorts dentro do continente [europeu]”.

Em resultado das medidas de estímulo à economia anunciadas pelo Governo, o banco suíço projeta que a dívida face ao PIB aumente 10% este ano. “Consideramos que o nível da dívida é sustentável considerando os baixos custos de refinanciamento num mundo de taxas a zero ou negativos e também tend em conta o eventual programa de compra de dívida pública por parte do Banco Central Europeu”.

A pandemia inverteu a tendência da diminuição da dívida face ao PIB que teve início em 2014, quando estava em 133,9%, e que caiu para 117,7% em 2019. “Portugal estava no caminho de reduzir a dívida face ao PIB antes do impacto do novo coronavírus na economia”, referiu o Julius Baer.

Allenspach disse  que os custos com os salários da Administração Pública em 2020 subiram com o aumento dos salários. O analista alertou depois que “a política orçamental apertada do passado e a confiança de que o governo vai reduzir as despesas após as deste ano excecional são cruciais para o outlook do rating”.

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