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Lagarde anuncia revisão estratégica do BCE e admite ter todos os instrumentos para impulsionar a economia

“Emergiram novos desafios, como a demografia, a disrupção tecnológica e as alterações climáticas. O senso comum tem sido desafiado e a política monetária global tem explorado territórios desconhecidos”, referiu a presidente do Banco Central Europeu (BCE). “Isto obriga-nos a rever a nossa estratégia e a considerar como é que a nossa política monetária consegue cumprir, da melhor forma, com o nosso mandato” de estabilidade dos preços.
2 Dezembro 2019, 17h22

Na liderança do BCE há um mês, Christine Lagarde foi esta segunda-feira ouvida pelos deputados do Parlamento Europeu e anunciou uma novidade: a revisão da definição da estratégia desenvolvida pelo banco central.

Diferentemente de outros bancos centrais, o BCE tem um mandato único e explícito: a estabilidade dos preços. Em 2003, a meta da inflação foi definida para abaixo, mas perto dos 2%. Este mandato, por enquanto, não muda, mas Christine Lagarde disse que “a estratégia [do BCE] será revista, tendo em conta dois princípios: análise rigorosa e com uma mente aberta”.

A alteração da definição da estratégia do banco central deve-se a desafios que, em 2003, não foram tidos em consideração quando a meta da inflação foi definida. “Emergiram novos desafios, como a demografia, a disrupção tecnológica e as alterações climáticas. O senso comum tem sido desafiado e a política monetária global tem explorado territórios desconhecidos”, referiu a nova presidente do BCE.

“Isto obriga-nos a rever a nossa estratégia e a considerar como é que a nossa política monetária consegue cumprir, da melhor forma, com o nosso mandato” de estabilidade dos preços, frisou Christine Lagarde.

“As revisões estratégicas são comuns nos bancos centrais, embora o seu âmbito e objetivo variem muito. A Reserva Federal norte-americana está a levar a cabo uma revisão; o Banco do Canadá tem uma a cada cinco anos. No caso do BCE, a última revisão de estratégia foi executada em 2003. E muito mudou nos últimos 16 anos”, disse a presidente do BCE.

Christine Lagarde referiu que, por enquanto, é “prematuro” definir “o escopo, a direção e o prazo” da revisão estratégica do BCE mas, nas respostas aos deputados europeus, houve um tema que sobressaiu aos demais: as alterações climáticas.

Por exemplo, o impacto das alterações climáticoas passará a ser tido em conta nos modelos e projeções económicas do BCE. “Na antecipação de macro-tendências precisamos de ter as alterações climáticas em consideração”, disse Christine Lagarde.

“O nosso mandato é a estabilidade dos preços, mas há outras questões que temos de ter em consideração para conseguirmos cumprir com o nosso mandato”, salientou.

Christine Lagarde disse ainda que o BCE dispõe de todos os instrumentos necessários para impulsionar a economia da zona euro, que “está abaixo do seu potencial”. “Temos os instrumentos e vamos utilizá-los. E faremos aquilo que tivermos de fazer”, realçou.

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