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Lagarde arranca Fórum com elogios ao BCE e garante: “Faremos o que for preciso”

Na linha da revisão de estratégia do BCE, Lagarde arrancou o Fórum em Sintra com elogios à resposta do banco central à crise inflacionista recente, reforçando que fará “o que for preciso” para trazer o indicador de preços de volta para os 2%.
epa11204101 European Central Bank (ECB) President Christine Lagarde addresses a press conference following the meeting of the ECB Governing Council in Frankfurt am Main, Germany, 07 March 2024. EPA/CHRISTOPHER NEUNDORF
30 Junho 2025, 20h43

No mesmo dia em que o Banco Central Europeu (BCE) divulgou a sua revisão de política monetária, Christine Lagarde elogiou o caminho recente da instituição que lidera, lembrando os desafios que enfrentou desde a pandemia, mas garantindo que que fará “o que for preciso” para os ultrapassar. Falando num exercício “de evolução, não de revolução”, a presidente do banco garante que está pronta para responder a novos choques inflacionistas e melhor do que antes do mais recente pico no indicador de preços.

Na abertura do Fórum do banco central em Sintra, esta segunda-feira, Christine Lagarde reforçou a mensagem deixada pela revisão da estratégia publicada mais cedo no mesmo dia, onde o BCE concluiu ter utilizado as ferramentas apropriadas para combater o surto inflacionista recente. A presidente da instituição reconheceu os desafios, mas fala numa autoridade monetária mais preparada agora para enfrentar um mundo “mais volátil”.

“Os princípios da nossa estratégia aguentaram bem”, começou por considerar, argumentando de seguida que “o objetivo de 2% tem sido eficiente em ancorar a inflação, apesar de termos sofrido dos choques mais violentos da história recente”.

Ao mesmo tempo, “o mundo daqui para a frente é mais incerto e isso fará a inflação mais volátil”, pelo que o BCE terá de estar preparado para agir e ser expedito na sua estratégia. “Mesmo com as mudanças à nossa volta, sabemos o nosso propósito – e faremos o que for preciso para o cumprir”, atirou.

Os “choques do lado da oferta são mais frequentes” e a análise do BCE aponta que “durante a subida da inflação, estes choques tiveram muito mais importância” do que na história económica dos últimos 20 anos. Ainda assim, “não vimos qualquer necessidade de rever os pilares da nossa estratégia, pelo que a revisão agora foi mais uma avaliação do que uma revisão completa”.

“A nossa revisão de estratégia foi um exercício de evolução, não revolução”, continuou, lembrando que a autoridade monetária respondeu à subida da inflação, “primeiro, de forma forte e, depois, persistente, procurando direcionar a inflação de volta ao objetivo o mais rapidamente possível, mas também com a mínima dor possível” para famílias e empresas.

Apesar de não haver lugar a uma alteração na estratégia do banco, Lagarde explicou que “não se trata de responder a pequenas e temporárias desvios, mas sim de um compromisso simétrico com responder a qualquer dinâmica da inflação que possa desancorar expectativas em qualquer das direções”.

“Se não tivéssemos agido, a probabilidade de as expectativas de inflação desancorarem seria superior a 30% em 2022 e de 30% e 2023”, acrescentou.

No exercício de revisão da estratégia do BCE divulgado esta segunda-feira, o banco central faz uma avaliação positiva da forma como lidou com o surto inflacionista dos últimos anos, não anunciando alterações de maior na sua abordagem à política monetária – algo que os analistas não deixam de tomar reparo.

Uma nota do ING desta segunda-feira fala num “exercício com alto nível de auto congratulação”, mas que “dificilmente trará quaisquer novas implicações para o BCE nos próximos meses”. A Pantheon Macro ecoa esta projeção, apontando para uma série de “não novidades” no relatório.

“A principal conclusão é que o BCE está feliz com a sua estratégia e não fará alterações, pelo que não vemos implicações para a sua política futura”, escrevem os analistas do think-tank britânico.

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