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Lagarde avisa que combate à inflação não terminou e que aterragem suave não está garantida

Presidente do Banco Central Europeu iniciou reunião de bancos centrais, em Sintra, avisando que a autoridade monetária vai continuar atenta à evolução dos indicadores económicos e que as decisões de política monetária serão tomadas reunião a reunião.
1 Julho 2024, 21h26

A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, avisou esta noite, no início do Fórum do BCE, em Sintra, que o combate contra a inflação ainda não está terminado e que, apesar das boas indicações, nada está garantido.

“O nosso trabalho ainda não está feito e temos de permanecer vigilantes”, afirmou Christine Lagarde, em Sintra, a uma sala de governadores de bancos centrais, economistas e académicos.

“Presentemente, ainda enfrentamos várias incertezas quanto à inflação futura, em particular em termos de como evoluirá o nexo entre os lucros, os salários e a produtividade e no que toca à possibilidade de a economia ser afetada por novos choques do lado da oferta”, disse Lagarde. “Levará algum tempo até dispormos de dados suficientes para termos a certeza de que os riscos de uma inflação superior ao objetivo se dissiparam”, acrescentou.

O BCE reduziu as suas principais taxas diretoras em 25 pontos base, a 6 de junho, pela primeira vez desde 2019, depois da mais rápida subida das taxas de juro da sua história, entre julho de 2022 e setembro de 2023, quando a inflação atingiu um máximo de 10,6%, em outubro de 2022.

Na altura, o Conselho de Governadores da autoridade monetária europeia sustentou ser “apropriado moderar o nível de restritividade da política monetária, após as taxas de juro terem sido mantidas constantes durante nove meses”.

Hoje, Christine Lagarde fez uma visita guiada pelo caminho feito no processo de combate à inflação, para dizer que este não terminou e que, “dada a magnitude do choque inflacionista, ainda não está garantida uma aterragem suave”.

“Confrontados com múltiplos choques de grande dimensão, deparámo‑nos com uma incerteza significativa relativamente à forma de interpretar e classificar a informação que recebíamos da economia”, recordou, explicando que o BCE definiu “um quadro para cobertura face a esta incerteza, combinando projeções com dados atuais sobre a inflação subjacente e a transmissão monetária”, que o ajudou a navegar as fases de “aumento da restritividade” e de “espera” do ciclo de política monetária e lhe deu “a confiança necessária para realizar um primeiro corte das taxas na mais recente reunião de política monetária”.

Lagarde refere que os governadores continuam a recolher informação sobre eventuais movimentos de pressão sobre a evolução dos preços, mas também do impacto na economia.

“Também precisamos de ter em conta que as perspetivas de crescimento continuam a ser incertas”, disse.

“Tudo isto apoia a nossa determinação em seguir uma abordagem dependente dos dados, reunião a reunião, na tomada de decisões de política monetária”, apontou.

Num discurso marcado por referências futebolísticas, que começou com citações do ex-treinador do Manchester United Alex Ferguson, a presidente do BCE terminou a citar o ex-treinador de Sporting e FC Porto Bobby Robson, que dizia que, num jogo de futebol, “os primeiros 90 minutos são os mais importantes”.

“Não descansaremos até termos ganho o jogo e a inflação tiver regressado a 2%”, prometeu Lagarde.

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