[weglot_switcher]

Lagarde fala em “provável” ponto de viragem, mas não se compromete com mais cortes

“Vamos continuar dependentes dos dados”, reforçou Lagarde, embora admitindo uma “elevada probabilidade” de que este seja o arranque da normalização da política monetária na zona euro, sobretudo dada a recuperação da confiança nas suas projeções.
6 Junho 2024, 14h49

A presidente do Banco Central Europeu (BCE) fala numa “elevada probabilidade” de que o corte de juros desta quinta-feira marque o arranque de uma fase de normalização da política monetária, mas recusou comprometer-se com tal, sublinhando a incerteza quanto à duração desta nova fase do ciclo. Por outro lado, a autoridade monetária avançou com a redução dada a maior confiança nas suas projeções, revelou, isto apesar de os dados recentes não serem os mais favoráveis.

Na sequência da descida de juros na reunião de junho, Christine Lagarde procurou frisar que o banco se manterá dependente dos dados nos próximos meses, pelo que não há lugar a qualquer indicação pré-estabelecida do rumo da política monetária. Esse aspeto foi um dos mais repetidos pela presidente do BCE, ressalvando que a decisão desta quinta-feira não significa que o banco se esteja a “comprometer com qualquer caminho para os juros”.

“Vamos continuar dependentes dos dados”, reforçou, repetindo várias vezes que o banco precisa de mais informação quanto ao comportamento da economia, sobretudo no que respeita à dinâmica entre salários e inflação. Como tal, e apesar da “elevada probabilidade” de a economia da zona euro estar a entrar agora numa nova fase, a presidente do BCE recusou a confirmar esta hipótese.

Ainda assim, os dados mais recentes mostraram nova subida da inflação, ainda que esperada, de 2,4% para 2,6%, com os serviços a causarem mais apreensão, acelerando para 4,1%, um máximo desde novembro do ano passado. Simultaneamente, o crescimento salarial voltou a aumentar, aquele que é um dos indicadores mais analisados pelo BCE.

Perante estes valores, Lagarde justificou a decisão de cortar juros com uma maior confiança nas projeções macro do banco, que falharam repetidas vezes no ano passado, gerando questões sobre a sua adequação à economia pós-Covid. Por outro lado, as mudanças de estratégia têm ocorrido em momentos em que a inflação caiu para metade do valor do início do ciclo, apontou.

Na vertente dos salários, há ainda que considerar a heterogeneidade dos dados, relembrou. Um caso emblemático é o sector público alemão, que tem negociações salariais a cada três anos, pelo que o aumento deste ano “compensou o período de 2021 a 2023”, constituindo “um aumento bastante significativo”.

“Continuamos numa postura restritiva, mesmo com este corte. Estamos hoje mais restritivos em termos reais do que em setembro”, quando os juros haviam mexido pela última vez com uma subida de 25 p.b..

[notícia atualizada às 15h10]

RELACIONADO
Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.