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Lagarde rejeita comprometer-se com novos cortes

Foi o quinto corte seguido dos juros pelo BCE. Mercados vão agora ouvir atentamente as palavras de Christine Lagarde.
Christine Lagarde BCE juros
30 Janeiro 2025, 13h50

A presidente do Banco Central Europeu (BCE) rejeitou hoje comprometer-se com novos cortes de taxas de juro. Esta quinta-feira, a instituição de Frankfurt efetou o seu quinto corte consecutivo.

“Não estamos a pré-comprometermo-nos com nenhum trajeto em particular”, afirmou Christine Lagarde na habitual conferência de imprensa.

“De qualquer forma, estamos preparados para ajustar todos os nossos instrumentos dentro do nosso mandato para assegurar que a inflação estabiliza sustentavelmente na nossa meta de médio-prazo e para preservar o funcionamento suave da transmissão da política monetária”, acrescentou na habitual conferência de imprensa.

O Banco Central Europeu (BCE) voltou esta quinta-feira a baixar os juros diretores na zona euro em 25 pontos base (p.b.), ou seja, em linha com o esperado pelo mercado, dando novo sinal de que a prioridade será dar suporte a uma economia estagnada face a uma luta contra a inflação relativamente controlada.

A taxa de referência para a moeda única fica assim em 2,75%, o nível mais baixo desde o início de 2023 e já bastante abaixo do pico de 4,5% registado no atual ciclo restritivo, fruto de cinco descidas consecutivas. Esta decisão estava já a ser completamente incorporada pelo mercado, que atribuía 100% de probabilidades a uma reunião sem novidades.

A inflação até tem vindo a acelerar, dado o fim de efeitos base favoráveis criados pelas medidas de contenção do lado energético em 2023, mas a atividade continua a desiludir, obrigando o banco central a uma postura mais acomodatícia. Os dados do crescimento no último trimestre de 2024 foram conhecidos horas antes do anúncio do banco central, mostrando uma economia estagnada.

O PIB da zona euro manteve-se estável em relação ao trimestre anterior, enquanto o da UE avançou 0,1%, um valor consistente com uma economia estagnada. Já olhando para o ano que fechou, a primeira estimativa aponta para um crescimento de 0,7% na zona euro e de 0,8% na UE, ou seja, em linha com as projeções do BCE para 2024.

Junta-se a isto a incerteza interna criada pelas eleições na Alemanha e em França, bem como a externa fruto da possibilidade de tarifas vindas dos EUA, o que traz o foco do BCE para a economia real e a necessidade de apoiar o crescimento, apontam os analistas.

A atenção do mercado estará virada, portanto, para o discurso de Lagarde, argumenta a Ebury. Apesar de se afigurar pouco provável qualquer forward guidance da presidente do BCE, os “comentários dovish recentes de boa parte dos decisores” do banco central aumentam a importância das palavras de Lagarde, que deverá sinalizar “uma ênfase mais forte no crescimento”, dada a fraca prestação da economia europeia.

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