A imprensa europeia noticiou as legislativas de hoje em Portugal destacando a vitória da coligação liderada por Luís Montenegro e apontando a “importante vitória da extrema-direita”.
“Segundo as sondagens à boca das urnas, parece que os eleitores voltaram a dar a sua confiança à formação política do atual primeiro-ministro, Luís Montenegro, (…) com entre 29% e 34%, um resultado superior ao das últimas legislativas”, realizadas em março de 2024, escreve o jornal belga Le Soir.
A AD, prossegue, “consolida o seu apoio no país, mas ainda sem maioria absoluta, o que pressagia um novo mandato marcado pela instabilidade”.
Para o britânico The Guardian, a notícia destas eleições está no “importante resultado da extrema-direita”.
“Será um grande resultado se o Chega ultrapassar os 20% como resultado final, relativamente aos 18% das últimas legislativas”, escreve o Guardian, frisando que “se as projeções estiverem certas, o crescimento do Chega continua, embora de uma forma não tão dramática como nas últimas duas eleições”, quando o Chega passou de um para 12 deputados (2022) e de 12 para 50 (2024).
“Como o Vox, seu companheiro ideológico do outro lado da fronteira, em Espanha, o partido português Chega tem, nos últimos anos, rebentado com o mito de longa data de que a história de ditaduras dos dois países vizinhos os tinha vacinado contra políticos de extrema-direita”, segundo o jornal.
O artigo afirma que o Chega tem conseguido “capitalizar uma insatisfação generalizada com os partidos dominantes de esquerda e de direita, numa altura em que o país continua a sofrer uma crise de habitação, os sistemas de saúde e educação sob pressão e os baixos salários”.
Em Espanha, o El Pais puxa para título ambas as perspetivas, escrevendo “a coligação conservadora ganha as eleições em Portugal e a extrema-direita avança”.
O diário espanhol escreve ainda que o PS pode ser ultrapassado pelo Chega, “que regista um grande avanço” nestas legislativas, o que qualifica de “uma revolução” que altera o modelo partidário vivido desde 1974 e, a confirmar-se, “certificaria o enterro definitivo do bipartidarismo que definiu a política portuguesa desde a Revolução dos Cravo, em 1974”.
“O populismo que avança em numerosos países demorou a chegar a Portugal, mas este domingo demonstrou que o partido de Ventura foi capaz de implantar-se com êxito em todo o país em tempo recorde, tendo em conta que nasceu em 2019”, acrescenta o El Pais, notando todavia que os resultados “não permitem vislumbrar soluções de governação estável”.
A governabilidade é o destaque do jornal online de atualidade europeia Politico.eu, que salienta que o centro-direita vence sem maioria e prevê que, a confirmarem-se as projeções à boca das urnas, “o parlamento do país vai continuar fraturado, com a extrema-direita a lutar para terminar em segundo lugar”.
Na análise das eleições, o Politico refere que anteriores sondagens mostravam a frustração dos eleitores com umas legislativas antecipadas e, no voto, “parecem ter descarregado a sua irritação nos socialistas e recompensado o centro-direita no poder e a extrema-direita, que põe em causa o ‘status quo’ democrático do país”.
Apontando como Montenegro tem recusado qualquer acordo de governo com o Chega, o jornal escreve que “a formação de um governo de minoria exigiria um apoio tácito do centro-esquerda”, evocando uma “cooperação construtiva” do PS nas votações do programa de governo e do Orçamento do Estado, mas destacando que as relações entre os líderes da AD e do PS se degradaram desde o chumbo da moção de confiança ao governo, tornando improvável um tal apoio.
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