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Líder de partido de Bolsonaro diz que Presidente “já está afastado” da formação política

O líder do Partido Social Liberal (PSL), formação política que em 2018 levou ao poder o atual chefe de Estado, Jair Bolsonaro, afirmou esta quarta-feira que o Presidente brasileiro “já está afastado” da formação política, numa aparente rutura entre ambos.
9 Outubro 2019, 21h09

Na terça-feira, Bolsonaro orientou um seu apoiante a esquecer o PSL, partido de que é militante, acrescentando que o presidente daquela formação política, Luciano Bivar, está “queimado”. A situação ocorreu na saída do Palácio da Alvorada, em Brasília, e ficou registada em vídeo.

Após a polémica, Bivar declarou ao portal de notícias G1 que Bolsonaro “já está afastado” e “esquecido” do partido.

“A fala dele (Bolsonaro) foi terminal, ele já está afastado. Ele não disse para esquecer o partido? Está esquecido”, frisou o presidente do PSL, acrescentando que só quer “paz”.

“O que pretendemos é viabilizar o país. Não vai alterar nada se Bolsonaro sair, continuaremos a apoiar medidas fundamentais. A declaração de ontem foi terminal, ele disse que está afastado. (…) Ele pode levar tudo do partido, só não pode levar a dignidade, o sentimento liberal que temos e o compromisso com o combate à corrupção”, concluiu Bivar em declarações ao G1.

Com uma crise a afetar o partido, o PSL convocou uma reunião de cariz urgente para a noite de terça-feira, com deputados e senadores, para avaliarem o eventual desgaste, segundo a imprensa local.

O PSL está também envolvido com problemas na justiça.

O Ministério Público (MP) Eleitoral do estado brasileiro de Minas Gerais acusou na semana passada o atual ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, de desvios de recursos do fundo eleitoral de 2018, do Partido Social Liberal (PSL).

Além do ministro do Turismo, outras 10 pessoas foram acusadas dos crimes de falsidade ideológica, apropriação indevida eleitoral e associação criminosa.

“Após cerca de oito meses de investigação, o Ministério Público Eleitoral acusou (…) 11 pessoas por envolvimento num esquema de desvio de recursos por meio de “candidaturas fantasma” nas últimas eleições”, segundo o procurador de Justiça Eleitoral Fernando Abreu, citado no ‘site’ do MP.

De acordo com o procurador, “com o intuito de fraudar a legislação eleitoral, mulheres receberam propostas para se candidatarem e, durante a campanha, promoverem o pagamento de despesas eleitorais de outros candidatos, como forma de burlar a transferência de recursos do fundo eleitoral e beneficiar outras candidaturas, assim como a legislação eleitoral que assegura pelo menos 30% de candidaturas femininas nas eleições”.

Segundo a denúncia, as candidatas receberam cerca de 260 mil reais (cerca de 58 mil euros), dos quais mais de 190 mil reais (43 mil euros) foram transferidos para outras candidaturas.

Todos os acusados estão ligados ao PSL.

O caso veio a público no final do ano passado, por suspeitas de que Marcelo Antônio tenha promovido o uso de “candidatos fantasmas” no estado de Minas Gerais, a fim de aumentar as verbas que o partido de Bolsonaro recebia do chamado “fundo do partido”, constituído por dinheiro público e destinado a financiar campanhas políticas.

Contudo, segundo o jornal Folha de São Paulo, também a campanha eleitoral de Jair Bolsonaro saiu beneficiada com esse desvio de verbas.

As supostas irregularidades nas campanhas dos candidatos ao PSL não afetaram diretamente o chefe de Estado até ao momento, mas levaram à demissão, em fevereiro passado, do então ministro da Secretaria Geral do Governo, Gustavo Bebianno, que presidiu o PSL no ano passado, em plena campanha eleitoral.

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