O homem mais rico do mundo manteve contactos com o presidente russo entre 2022 e este ano, revelou esta semana o “Wall Street Journal”.
Num dos episódios relatados, Vladimir Putin pediu a Elon Musk para não ativar o seu serviço de internet por satélite da Starlink sobre Taiwan, como um favor para o presidente chinês Xi Jinping. Este serviço continua inativo sobre Taiwan.
As conversas incluiram também temas pessoais, relacionados com negócios e também geopolíticos, segundo as fontes de inteligência dos EUA, Europa e Rússia ouvidas pelo jornal.
A questão é particularmente preocupante pois a sua SpaceX é parceira da NASA e do Governo norte-americano em programas de satélites.
No caso da Casa Branca, Donald Trump também já prometeu dar um cargo a Elon Musk na sua administração, se vencer as eleições.
Recorde-se que a Tesla conta com uma gigafábrica em Xangai e desenvolveu uma relação próxima com o poder político de topo em Pequim, abstendo-se de críticas ao regime chinês, tendo já chegado a sugerir que Taiwan deveria ceder algum controlo à China, tornando-se numa região administrativa especial, como Macau ou Hong Kong, segundo a “Associated Press”.
“Fora as implicações para a segurança nacional, parece muito perigoso. Se for uma conversa aprovada com o conhecimento da administração e com advogados presentes, é uma coisa. Mas conversas soltas com Vladimir Putin, que está contra o Governo norte-americano, será uma causa de preocupação, disse Ben Friedman da Defense Priorities.
No caso da Ucrânia, as opiniões de Elon Musk têm vindo a mudar. No início da invasão russa, começou por apoiar Kiev e permitiu o uso do Starlink. Mas em 2023 recusou que a Ucrânia usasse o Starlink para um ataque surpresa contra soldados russos na Crimeia.
E chegou mesmo a defender uma proposta para terminar a guerra que requeria à Ucrânia desistir de aderir à NATO e de entregar o controlo da Crimeia à Rússia, com o plano a gerir a fúria dos líderes ucranianos.
Musk também detém a rede social X e tem-se defendido a reeleição de Donald Trump, tendo contribuído com milhões de dólares para a sua campanha. A rede social X tornou-se numa fonte de propaganda russa com o objetivo de desinformar os eleitores americanos, destaca a “AP”.
“Isto é muito sinistro”, disse ao “Politico” Richard Stengel, subsecretário de Estado de Barack Obama, considerando “muito manhoso” o pedido de Putin para não ativar o Starlink sobre Taiwan.
Já Donald Trump manteve sete conversas com Vladimir Putin desde que perdeu as eleições em 2020, segundo revela o novo livro de Bob Woodward, jornalista responsável por revelar o caso Watergate que culminou na demissão de Richard Nixon.
O Kremlin já reagiu e disse que houve apenas uma conversa em 2022 onde Musk e Putin falaram de tecnologias, disse o porta-voz russo Dmitry Peskov, rejeitando a informação avançada pelo “WSJ”.
Os diversos serviços de inteligência norte-americanos não quiseram comentar, assim como os ucranianos.
Um administrador da NASA já pediu uma investigação a estes contactos. “Deveria ser investigada. Se a história é verdadeira, se houve várias conversações entre Elon Musk e o presidente da Rússia, penso que é preocupante, particularmente para a NASA, o ministério da Defesa, e algumas das agências de inteligência”, segundo Bill Nelson, citado pela “CNN”.
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