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Lisboa pode ter vereadores irregulares. Decisões da Câmara em risco

Saiu Diogo Moura e entrou Joana Oliveira Costa. No entanto, nem todos os candidatos renunciaram por escrito, o que faz com que a número cinco da lista possa estar a efetivar decisões irregulares desde que entrou para o cargo.
Lisboa Carlos Moedas
11 November 2024; Speakers, from left, Paddy Cosgrave, CEO & Founder, Web Summit; Carlos Moedas, Mayor, City of Lisbon; and Luís Montenegro, Prime Minister, Government of Portugal, and Startups on Centre Stage during the opening night of Web Summit 2024 at the MEO Arena in Lisbon, Portugal.. Photo by Carlos Rodrigues/Web Summit via Sportsfile
20 Dezembro 2024, 09h12

A Câmara Municipal de Lisboa está sob alerta e várias decisões, nomeadamente desde maio, deste executivo podem ser consideradas inválidas. O jornal Expresso faz manchete esta sexta-feira com uma notícia de que a equipa de Carlos Moedas tem dois vereadores, ambos do CDS-PP, em situação irregular.

A origem da irregularidade está em 16 de maio, quando o então vereador da Cultura, Diogo Moura, suspendeu funções depois de ter sido acusado no âmbito de um processo relativo às eleições internas do CDS. Na altura, o presidente da autarquia acumulou a pasta e chamou à vereação a candidata Joana Oliveira Costa, quinta suplente na lista da coligação Novos Tempos, então finalista de Direito com 22 anos.

Joana Oliveira Costa assumiu o pelouro da Economia e Inovação e trata temas como Espaço Público, a Fábrica dos Unicórnios, o Mercado Abastecedor e também a Web Summit. É também responsável pelo aumento da taxa turística ou a suspensão do Alojamento Local.

Cinco ex-autarcas (quatro do PSD e um do PS), dois especialistas em Direito Constitucional e a Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), ouvidos pelo Expresso, dizem que a nomeação de Joana Oliveira Costa só poderia ocorrer caso todos os suplentes do CDS acima de si renunciassem por escrito. Algo que não aconteceu e pode anular as deliberações que tenham sido feitas pela vereadora.

Isto porque Nuno da Rocha Correia, o nome seguinte a Diogo Moura entre os candidatos do CDS na coligação, nunca terá recusado por escrito ao mandato. E tem estado a participar em reuniões da Câmara em substituição de vereadores do seu partido. Ainda assim, o gabinete de Moedas indicou que Rocha Correia manifestou “indisponibilidade” para assumir o cargo o tempo inteiro, mas que “não” renunciou ao mandato por escrito.

Apesar disso, o executivo de Lisboa sustenta que “a ausência de disponibilidade para assumir ou exercer o mandato a tempo inteiro não constitui, nem é equiparada à renúncia do respetivo mandato autárquico”.

Mas esta visão é contestada pelos especialistas ouvidos pela publicação. Jorge Bacelar Gouveia, catedrático da Faculdade de Direito da Universidade Nova, sustenta que “há uma irregularidade” e que esta “pode levar à nulidade das deliberações”, uma vez que a “vereadora está numa posição ilegal, não tem poder para tomar decisões e os seus atos podem ser todos considerados nulos”.

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