O ser humano é dado a obsessões e essa característica tem permitido grandes avanços científico-tecnológicos, mas também bastantes dissabores, alguns com fins trágicos, como a recente implosão do submersível Titan.
E há também as obsessões que nascem de uma vontade inabalável de superação pessoal e que implicam, normalmente, grande esforço físico e mental. Nalguns casos, poderíamos falar de uma atração pelo abismo, mas pode ser apenas pelo desconhecido, pelo silêncio (como o norueguês Erling Kagge), pelo deserto ou pela imensidão da paisagem gelada do continente antártico.
Henry Worsley (1960-2016), fascinado com a história de Ernest Shackleton (1874-1922) e da sua tentativa falhada de atravessar a Antártida, passando pelo Pólo Sul, acreditou que poderia levar até ao fim a aventura que o seu herói deixara incompleta. Fez uma primeira viagem em 2008, acompanhado, chegando ao Pólo Sul. No final de 2015, voltou, desta vez sozinho, para tentar a travessia. Ao longo de setenta e um dias de viagem, esteve sempre rodeado de branco, sujeito a tempestades e à escuridão polar.
Worsley não viria a presenciar a descoberta, em 2022, do Endurance, o navio de Schackleton (que salvou da morte todos os homens da sua tripulação), naufragado e preso pelo gelo a mais de 3 mil metros de profundidade, praticamente intacto, servindo de morada a belos seres marinhos da família dos ouriços e das estrelas-do-mar.
É esta história extraordinária que narra David Grann em “A Escuridão Branca”, agora publicado pela Quetzal, com tradução de Vasco Teles de Menezes.
Eis a sugestão de leitura desta semana da livraria Palavra de Viajante.
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