Por estes dias, muito se tem falado, escrito, refletido e agido sobre colonialismo e pós-colonialismo, com as devidas doses de culpa e redenção, relativismo e condenação, no meio de apelos ao diálogo e ao debate entre posições por vezes demasiado polarizadas.
Polémicas à parte, pois não se trata aqui de defender ou condenar a nossa História, que é a que é, ainda que sujeita a diferentes níveis de leitura, perspetivas diversas e olhares complementares (ou até antagónicos), os universos coloniais portugueses não estiveram arredados da produção de conhecimento científico, apesar de pouco se ouvir falar do assunto fora dos ambientes académicos.
Como que a prová-lo, “Ao Ritmo das Monções – Medicina, Farmácia, Filosofia Natural e Produção de Conhecimento na Índia Portuguesa do Século XVIII” resulta precisamente da Tese de Doutoramento de Fabiano Bracht, historiador que se tem dedicado a estudar temas como a dispersão das plantas – essas grandes viajantes – durante a colonização e as transferências e circulação de conhecimento científico entre a América, a Ásia e a Europa, ao longo da Era Moderna.
As bases multiculturais dos conhecimentos médico e farmacêutico – neste caso, em particular, produzidos em Goa, durante o século XVIII – influenciaram as teorias acerca do mundo natural.
No caso português, com o seu Império Ultramarino, essas teorias viajavam pelo mundo subordinadas às viagens marítimas; ou seja, ao “ritmo das monções”, esses ventos periódicos que, durante seis meses, sopram do continente para o Oceano Índico e, nos seis meses seguintes, em sentido contrário, e que determinavam a saída das expedições marítimas de Lisboa para o Oriente.
Como refere Amélia Polónia no prefácio, “as possessões portuguesas em espaços ultramarinos foram zonas de contacto onde os europeus tiveram de aprender a adaptar-se a ambientes estranhos, a um clima exigente e a formas de vegetação desconhecida”, resultando daqui, em conjugação com os contactos com as populações locais, a “descoberta de novas formas e meios de cura”.
Recorde-se que, já no século XVI, Garcia de Orta deixara um precioso legado para a botânica mundial, estando sediado precisamente na Índia portuguesa.
Uma edição conjunta do CITCEM – Centro de Investigação Transdisciplinar Cultura, Espaço e Memória e das Edições Afrontamento, com o apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia e da Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
Eis a sugestão de leitura desta semana da livraria Palavra de Viajante.
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