“Jornadas pelo Mundo” é uma pérola da literatura de viagens portuguesa há muito desaparecida das livrarias, com a possível exceção dos alfarrabistas, dado que as suas duas primeiras edições datavam de 1895 e 1916.
Devemos à Quetzal a reedição deste relato da viagem de Bernardo Pinheiro Correia de Melo, futuro 1.º Conde de Arnoso (título criado pelo rei D. Carlos para este seu secretário particular), amigo de Eça de Queirós e, igualmente, um dos membros do grupo “Vencidos da Vida”, em 1887, entre Marselha e Pequim.
Não se tratava de uma viagem de lazer, pois Correia de Melo integrava a delegação diplomática que se deslocava à capital do Império do Meio para a assinatura do Tratado que reconhecia a administração portuguesa de Macau, o que aconteceria a 1 de dezembro de 1887.
Confirmou-se não ser de lazer, também, por Correia de Melo não ter apreciado particularmente a cidade, como pode depreender-se destes dois excertos: “(…) Pequim, a mais nojenta, a mais infecta de todas as cidades do mundo” ou “Lançando a vista em redor, tudo em volta cai em ruínas, ruínas silenciosas e mudas, que não logram falar-nos nem à alma nem aos sentidos (…)”.
Nada disto é de estranhar num dandy cosmopolita como ele que, no ano anterior, fora a Londres com o Conde de Ficalho – onde se sentira “um nababo vestido de brocado e ouro” – antes de ir a Bristol, visitar Eça.
Em Macau, não deixa de reparar na grande paixão do povo chinês pelo jogo. Abertas até à meia-noite, são numerosas as casas de tan-tan; subindo, pode ler-se “No primeiro andar está a felicidade”, ou seja, a sala de jogo.
Nota final de apreço pela inclusão de diversas fotografias.
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