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Livro: “Lisboa: Histórias e Memórias”

Aqui fica o convite para revisitar a cidade pelos olhos de escritores e de poetas, de olisipógrafos e de fotógrafos, que nela viveram ou que por ela passaram. Bons passeios!
21 Março 2021, 11h15

 

“Achei-me por vezes durante a estação finda a bordo dos pequenos vapores que fazem o transporte dos banhistas entre Lisboa e as praias. Os setenta minutos destas breves viagens eram o tempo consagrado por cada um para, por meio da leitura, pôr as suas ideias em relação com os interesses intelectuais e morais do resto do mundo. Fora do convés dos vapores de Belém ninguém nas praias lê, ninguém tem consigo um livro.”

Apesar de hoje se chegar às praias referidas neste excerto de “As Farpas”, de Ramalho Ortigão, através de outros meios de transporte, podemos dizer que o resto se mantém: por exemplo, quando se vai de Lisboa até à Costa de Caparica no verão, de carro, pode demorar-se mais de uma hora, e é muito raro ver alguém a ler nos areais, sejam os da Costa sejam os da Linha de Cascais.

“Lisboa: Histórias e Memórias”, publicado pelos Livros Horizonte – editora com um catálogo diversificado sobre a cidade de Lisboa – surge como um convite para revisitarmos a cidade pelos olhos de escritores e de poetas, de olisipógrafos e de fotógrafos, que nela viveram ou que por ela passaram.

São histórias e memórias que aqui nos ficam, de autores como Eça de Queirós e Ramalho Ortigão, Bulhão Pato e Fialho de Almeida, Aquilino Ribeiro e José Rodrigues Miguéis, ou ainda Raul Brandão, José Saramago e Antonio Tabucchi, entre muitos outros.

Estas histórias e memórias de Lisboa, que cobrem um período de cerca de cem anos, de 1850 até aos finais dos anos 40 do século passado, são contadas tanto pelos seus protagonistas como por personagens fictícias – por exemplo, Severino Zambujeira, de Rodrigues Miguéis; ou Ricardo Reis, retirado do livro de Saramago.

Estes excertos são acompanhados por imagens captadas pelas câmaras de José Leitão Bárcia, de Joshua Benoliel, de António Novais, de Cunha Moraes, de Eduardo Portugal, e de tantos outros fotógrafos, que assim nos permitem rever as ruas e as praças da capital através do seu olhar atento.

Formada em Sociologia, a autora, Maria João Janeiro, nasceu na Índia, em 1952. Depois de uma temporada em Portugal, volta à Ásia – mais especificamente, a Macau – e, por uns tempos, vive em Tóquio, onde se dedica à obra de Wenceslau de Moraes, publicando, em 1993, na Cotovia, “Fala a Lenda Japonesa”.

Eis a sugestão de leitura desta semana da livraria Palavra de Viajante.

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