Nada como um livro divertido para ajudar a espairecer e a ocupar o tempo, para quem possa cumprir o confinamento determinado pelo atual estado pandémico: “Três Homens num Barco”, de Jerome K. Jerome é o livro certo para nos fazer esquecer as agruras destes tempos.
George, Harris e J. (já para não falar do cão) são três amigos que decidem fazer uma viagem ao longo do rio Tamisa, em Inglaterra. Depois de uma preparação atribulada, embarcam numa jornada que se transforma num acontecimento ímpar nas suas vidas. O pequeno barco transforma-se no epicentro de uma série de aventuras e peripécias inusitadas, tão absurdas como caricatas, reunindo uma variedade de temas improváveis como sátira social, filosofia e humor numa descrição absolutamente feliz e conseguida da natureza humana.
Um livro bem-humorado e divertido, que faz o elogio da vida ao ar livre, da vida boémia, da amizade, da busca do sentido da vida, das férias de verão intermináveis e da suave memória dos tempos já idos. Publicado pela primeira vez em 1889, “Três Homens num Barco” foi entusiasticamente recebido na Inglaterra e nos Estados Unidos. Apenas a prova de que hoje, como nos itinerários burgueses da Inglaterra do século XIX, o humor e a ironia são bens ao serviço de alguns males bem humanos.
Jerome Klapka Jerome (1859-1927) abandonou a escola aos 14 anos, trabalhando primeiro como funcionário dos comboios, depois como professor, ator e jornalista. Aos artigos em jornais e revistas veio juntar-se a escrita de livros e peças de teatro. A este livro da viagem de barco seguiu-se um outro, que com ele faz par, “Três Homens de Bicicleta”, onde os mesmos amigos fazem uma viagem pela Floresta Negra e onde o autor aproveita para satirizar as idiossincrasias dos alemães.
De toda a sua vasta obra, são estes dois os títulos – ambos profusamente traduzidos – que lhe deram mais fama e que o fazem ser, ainda hoje, amplamente reconhecido. Jerome adorava a natureza, os barcos e os rios. Era um homem descontraído, cortês, e foi um impulsionador incansável de novas ideias e experiências. Viajou por toda a Europa, foi um dos pioneiros do esqui nos Alpes e visitou a Rússia e a América várias vezes.
Antes editados pela Cotovia, que infelizmente fechou no ano passado, ambos os títulos são agora publicados pela Alma dos Livros. Mas não podemos deixar de referir uma obra sua de 1886, “Ociosas Reflexões de Um Ocioso”, um conjunto de catorze crónicas indolentes dedicadas ao seu eterno companheiro das horas de ócio – o cachimbo –, que desmontam com uma simplicidade desarmante paradoxos do quotidiano e convenções edificadas pelo hábito, e que está editado em português pela Antígona.
Eis a sugestão de leitura desta semana da livraria Palavra de Viajante.
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