[weglot_switcher]

Lone Star diz que Novo Banco quer reduzir para metade o rácio de malparado até 2020

O chairman do Novo Banco, Byron Haynes, deu uma entrevista à Reuters, onde diz que quer acelerar a redução do crédito malparado através de vendas e diz que há muito interesse nas duas carteiras que o banco tem atualmente no mercado. Referindo-se aos portfólios Nata 2 e ao Sertorius.
  • Cristina Bernardo
15 Julho 2019, 16h33

Em entrevista à Reuters, o chairman Byron Haynes, escolhido pelo acionista Lone Star, explica que o Novo Banco tem previsto reduzir o rácio de crédito incobrável (NPL -Non Performing Loans), conhecido por malparado, dos atuais 21,8% para 10%. “A meta é chegar a um rácio de 10% entre este ano e o próximo. Ou seja, reduzi-lo para menos de metade, colocando-o em pé de igualdade com os rivais domésticos”, diz Byron Haynes.

O Novo Banco quer acelerar a redução do crédito malparado através de vendas e diz que há muito interesse nas duas carteiras que o banco tem atualmente no mercado. Referindo-se aos portfólios Nata 2 e ao Sertorius.

O banco, que emergiu das ruínas do Banco Espírito Santo após seu colapso em 2014, eliminou 3,7 mil milhões de euros  de em créditos improdutivos do seu balanço entre o final de 2017 e março de 2019, deixando lá ainda 6,5 mil milhões de euros de NPL, o que permitiu baixar o rácio de NPL sobre o total do crédito de 28% para 21,8%.

O presidente da companhia, Byron Haynes, afirmou que uma redução adicional do malparado de modo a reduzir para mais de metade o rácio de NPL do Novo Banco é fundamental para os planos de médio prazo do banco que é o terceiro maior nacional. Só com essa redução consegue acompanhar os principais pares locais.

“Se vai ser um evento de 2019 ou 2020, vamos ver … precisamos continuar a aproveitar as boas condições de mercado que existem neste momento”, disse à Reuters.

O rácio médio de NPL no setor bancário em Portugal continua elevado em comparação com a média da zona do euro que é de cerca de 4,5%.

O Novo Banco, detido em 75% Lone Star desde outubro de 2017 (25% são ainda do Fundo Português de Resolução), está a vender créditos mal parados, bens imobiliários e activos não estratégicos ao abrigo de compromissos de reestruturação acordados com Bruxelas.

Atualmente, o banco tem à venda uma carteira de NPLs de grandes devedores com um valor contabilístico bruto superior a 3 mil milhões de euros e uma carteira imobiliária avaliada em 500 milhões de euros brutos.

“O nível de interesse tem sido muito alto … e esperamos que essas transações se materializem num futuro próximo”, disse Haynes, acrescentando que também espera que o regulador do mercado de seguros aprove a venda de 190 milhões de euros da GNB Vida à Bankers Insurance rapidamente.

Analistas do mercado especulam que o Novo Banco poderá acabar sendo absorvido por uma onda de consolidação do setor bancário português, mas Haynes apontou para o modelo de negócios autónomo do banco, incluindo o investimento em negócios com continuidade, a banca digital e desenvolvimento da marca.

“A Lone Star e o Fundo de Resolução apoiam totalmente essa estratégia e o investimento independente … o nosso foco agora está na execução disso”, referiu. “A agenda é grande. A oportunidade, eu diria, também é grande”, acrescenta à Reuters.

O chairman do banco diz que 80 a 85% dos ativos do sistema financeiro português estão divididos entre os cinco maiores players nacionais. Um nível de concentração maior do que na maioria dos países. Isto em resposta ao rumor que o Novo Banco virá a ser uma peça na consolidação bancária nacional.

“Todos nós temos as nossas oportunidades por aí, mas acho que é cedo demais para falar sobre (fusões)”, disse.

O Novo Banco registou um prejuízo de 93 milhões de euros no primeiro trimestre devido aos seus esforços de limpeza do balanço, mas o lucro recorrente subiu mais de 3% para 85 milhões de euros com a margem financeira a aumentar 33%.

“O negócio recorrente é de onde o crescimento virá”, disse Haynes.  O outro trigger de crescimento está indexado à rapidez com que o Novo Banco pode fazer o “de-risk” do Balanço e quão rápidos são “a limpar os problemas herdados.”

Em março, a agência de rating canadense DBRS atualizou a classificação do Novo Banco devidoà sua melhoria do perfil de risco. Haynes disse à Reuters que espera que as classificações de outras agências de rating venham a refletir o progresso do banco.

O rácio de Common Equity Tier 1 de 13,5%, permite ao seu chairman dizer que o banco está confortável com todas as suas necessidades de capital atuais e futuras”, e as discussões sobre os requisitos mínimos para capital elegível e passivo (MREL) que estão a decorrer com o Conselho Único de Resolução da União Europeia “estão a ir bem”, disse Haynes.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.