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Lucro da NOS cai 35,9% para 92 milhões de euros em 2020

Resultado da empresa liderada por Miguel Almeida supera a previsão dos analistas. Recuperação da principal área de negócio da NOS – comunicações eletrónicas – no quarto trimestre de 2020 evita uma maior quebra do resultado líquido. Ainda assim não compensou o impacto da pandemia.
  • Presidente executivo da NOS, Miguel Almeida
10 Março 2021, 19h33

A NOS registou uma quebra homóloga de 35,9%, para 92 milhões de euros, em 2020, anunciou a empresa de telecomunicações esta quarta-feira. O valor supera a previsão dos analistas que acompanham telecom. A quebra no resultado líquido não foi maior, porque a NOS teve no quarto trimestre o seu melhor trimestre do ano (lucro de 12,9 milhões face ao período homólogo de 2019), devido à recuperação do negócio das comunicações eletrónicas, com o operador a sentir um crescimento nas receitas e no lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA) das telecomunicações.

As contas da NOS refletem o impacto negativo da pandemia da Covid-19 na operação ao longo do ano, sobretudo na área do cinema e audiovisuais, bem como nas receitas de roaming devido à quebra da atividade turística. Contudo, a NOS registou um crescimento na sua performance operacional, que culminou numa subida do número de serviços e no crescimento de todos os indicadores no core business da empresa, as comunicações eletrónicas.

A empresa de telecomunicações sentiu uma diminuição homóloga no EBITDA no 5,7%, para 603,2 milhões de euros, com uma margem EBITDA de 44,1%, em 2020. A margem EBITDA teve uma ligeira melhoria de 0,2 pontos percentuais, “fruto das medidas de eficiência implementadas pela companhia”.

No final de dezembro de 2020, as receitas totais da NOS recuaram 6,2%, para 1.367,9 milhões de euros, face ao ano de 2019. Nas receitas de telecomunicações, a quebra homóloga foi de 2,6%, para 1.345,7 milhões.

Mas, observando apenas o quarto trimestre de 2020, a NOS viu as receitas das telecomunicações cresceram 1%, para 350,2 milhões de euros. E o EBITDA das telecomunicações, entre outubro e dezembro, cresceu 1,5%, para 123,7 milhões de euros. “O volume de vendas e o EBITDA registaram comportamentos positivos face ao trimestre homólogo de 2019, o resultado líquido mais do que duplicou e todos os serviços de comunicações apresentaram um crescimento. Contudo, o forte desempenho verificado neste trimestre não compensou o impacto originado pela pandemia”, lê-se no comunicado da NOS.

As operações de telecomunicações, não obstante, “continuaram a registar uma performance muito robusta, de que é reflexo o aumento de subscrições”.

Serviços no negócio móvel e fixo aumentam em 2020
A NOS fechou 2020 com 9,964 milhões de serviços, dos quais 276 mil são novos serviços, o que representa um crescimento de 2,9% face ao ano anterior.

Mas se o número de serviços cresceu em 2020, o que explica a diminuição da receita? Observando as contas da empresa, verifica-se que a receita média por cliente (ARPU) recuou 2,8%, para 43,5 euros. Em 2019, o ARPU da NOS fixou-se em 44,8 euros. Ou seja, embora o número de serviços tenha aumentado, os clientes da NOS pagaram, em média, menos 1,30 euros.

A telecom encerrou 2020 com 5,037 milhões de serviços no negócio móvel, ou seja, mais 187 mil serviços face ao período homólogo. Na televisão por subscrição registou-se uma variação positiva de 1,1%, para 1,657 milhões. A NOS salienta, no mesmo comunicado, que “aumentou a sua capacidade móvel em 25% para fazer face ao aumento da procura, ao mesmo tempo que investiu na expansão e modernização da rede 4G, e a preparou-se para o 5G”.

No negócio fixo, o número de serviços de banda larga fixa chegou aos 1,458 milhões, comparativamente com os 1,414 milhões registados em 2019. Já o número de serviços de voz fixa alcançou os 1,774 milhões, em comparação com os 1,749 milhões no final de dezembro de 2019.

No final de 2020, o número de clientes convergentes e integrados da NOS atingiu 61,7% da base de clientes de rede fixa, “o equivalente a 977 mil clientes”.

A empresa liderada por Miguel Almeida fechou 2020 com 4,807 milhões de casas ‘cabladas’ com rede NOS, ou seja, mais 194 mil lares face ao final de 2019. A empresa sublinha que o aumento de lares com rede fixa da NOS deve-se ao “forte investimento que continua a realizar nas suas infraestruturas de rede”.

No segmento empresarial, a NOS afirma que continua a “conquistar clientes relevantes”, tanto no sector público como no sector privado, embora não revele a identidade dos mesmos. Não obstante, a empresa fechou 2020 com o número de serviços empresariais fixar-se em 1,568 milhões, “o que compara com 1,491 milhões registados no mesmo período de 2019”.

Cinema e audiovisual afundam mais de 50%
A área do audiovisual e do cinema foi uma das que mais penalizou as contas da telecom em 2020, devido à pandemia da Covid-19, registando “uma profunda quebra”. Ainda que “ligeiramente inferior à queda do mercado nacional, a empresa sentiu uma diminuição na venda de bilhetes face a 2019.

Em 2020, as receitas de cinema e audiovisuais diminuíram 54,7%, para 53,8 milhões de euros. A receita média por bilhete situou-se nos 5,3 euros, com o número de bilhetes vendidos a atingir 2,3 milhões. O valor compara com 9,3 milhões vendidos um ano antes.

Na área de cinemas, as salas estiveram encerradas desde 16 de março, tendo reaberto a 2 de julho, por causa das “fortes medidas de higiene e segurança, e em total cumprimento com as regras definidas pela Direção-Geral de Saúde”, tendo em conta o contexto pandémico.

Ora, a retoma da área cinematográfica “foi lenta, uma vez que os grandes lançamentos foram adiados” para 2021. Além do período de encerramento durante três meses, as restrições provocadas pela pandemia e o adiamento de lançamento de novos blockbusters por parte dos principais estúdios de produção, explicam o resultado desta área de negócio da NOS.

NOS aumenta investimento e reduz dívida
O capex total (indicador de investimento) da NOS, excluindo os contratos de leasing, acelerou 2,8%, fixando-se em 384,9 milhões de euros em 2020. No último trimestre, este valor ascendeu a 115,4 milhões, um aumento de 15,7% face ao mesmo período de 2019.

No final de dezembro de 2020, a dívida financeira líquida da NOS ascendia a 802 milhões de euros, o que se traduz numa redução da dívida em 26,7% face a dezembro de 2019. O valor representa 1,5x o EBITDA após leasings, “um rácio conservador face às congéneres do sector”.

A telecom justifica a forte redução da dívida com a alienação da NOS Towering, vendida à Cellenex, cujo pagamento proveniente dessa operação já foi encaixado pela NOS. A compra da NOS Towering, empresa que gere as torres de telecomunicações da NOS, pela Cellenex foi anunciado em abril de 2020. A operação ficou concluída em setembro.

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