A The Navigator Company registou lucros de 85,2 milhões de euros no primeiro semestre o que traduz uma queda de 46,3% face ao período homólogo.
As vendas desceram 4,4% para os 1.019 milhões de euros e os lucros antes de juros, impostos, depreciação, e amortização (EBITDA) caíram 27,6% para os 216,3 milhões de euros.
Já os resultados operacionais desceram 39,1%, no primeiro semestre, para os 137,3 milhões de euros.
A empresa salientou que a margem EBITDA atingiu os 21,2%, num “contexto macroeconómico particularmente exigente, marcado pela elevada volatilidade geopolítica, com o escalar dos conflitos no Médio Oriente e na Ucrânia, pela persistente ameaça de aumento das tarifas aduaneiras por parte da administração norte-americana, que tem contribuído para uma redução de consumo em vários mercados”.
Relativamente aos resultados alcançados ao nível das vendas, lucro líquido e EBITDA a Navigator diz que evidenciam “a capacidade para manter níveis de rentabilidade robustos, mesmo em situações de mercado muito adversas”, com os resultados a refletirem “a eficácia das medidas de gestão implementadas, da disciplina de custos e da robustez do portefólio.
“A diversificação do negócio, a inovação em bioprodutos e as iniciativas comerciais para crescimento permanecem como pilares estratégicos, com especial destaque para Tissue e Packaging. Estes segmentos continuam a revelar elevado potencial de crescimento, representando já perto de 30% do volume de negócios”, refere a empresa.
A Navigator salientou que o volume de entrada de encomendas de papel de impressão e escrita (UWF) subiu 10%, “em contraste” com uma queda de 2% na indústria.
“Este desempenho positivo verificou-se também relativamente aos mercados da Navigator na Europa, onde a empresa registou um crescimento de 4%, face a uma quebra média da indústria de 4%. A evolução permitiu também à Navigator reforçar a sua quota de encomendas, colocadas à indústria europeia, face ao período homólogo em três pontos percentuais à escala global para 27% e em dois pontos percentuais no mercado europeu, atingindo 20%”, diz a empresa sobre os resultados do primeiro semestre.
Já a procura global por pasta de fibra curta registou um crescimento homólogo (até maio) de 5%, refletindo uma “dinâmica positiva” no mercado, diz a empresa.
“Este desempenho foi impulsionado principalmente pela China, com um aumento expressivo de 11%, e, em menor escala, pelo Resto do Mundo (+3%). A China deverá continuar a desempenhar um papel central na dinâmica global do mercado de pasta”, diz a Navigator.
“A recuperação dos preços da pasta que se registou no primeiro trimestre, impulsionada por alguma restrição na oferta e pelo aumento da atividade, foi interrompida a partir de abril, criando pressão sobre os preços internacionais de papel, com destaque para o UWF. Neste cenário, o preço do papel da Navigator também regrediu face ao primeiro trimestre, sobretudo devido à desvalorização do dólar, divisa em que transacionamos em mais de 100 países”, salienta a Navigator.
“Já na Europa, o preço médio da Navigator manteve-se estável, graças à preservação de maiores price premiums nas marcas próprias. A sólida capacidade de adaptação da Empresa foi novamente testada com sucesso, mantendo a sua posição competitiva única na Europa. A resiliência operacional da Navigator também se destacou positivamente num semestre marcado pelos elevados preços de energia elétrica e gás natural. Face ao período homólogo, o preço spot de energia elétrica para o mercado ibérico OMIE registou um aumento de aproximadamente 63% e o TTFMA, índice que serve de referência ao mercado europeu de gás natural, teve um aumento superior a 40%”, diz a empresa cotada na bolsa portuguesa.
No primeiro semestre o volume de vendas de tissue da Navigator (produto acabado e bobines) chegou às 119 mil toneladas, mais 27% face ao período homólogo, enquanto que o valor das vendas aumentou 35% face ao mesmo período de 2024.
“Para este crescimento contribuiu a integração do negócio da Navigator Tissue UK, adquirido em maio de 2024, que potenciou o crescimento de vendas e alargou a base de clientes”, diz a cotada.
As vendas internacionais no negócio tissue representaram, no primeiro semestre, um peso de 81% do volume de vendas (face aos 54% de 2022, antes da integração da Tissue Ejea e Tissue UK), “sendo os mercados mais representativos o inglês, com 36% do total de vendas, o espanhol, com 29% do total de vendas, e o francês, com peso de 14% das vendas”.
Já o produto acabado representou 98% e as bobinas 2% das vendas totais. “No que diz respeito à estratificação por segmento de clientes, o At Home ou Consumer (retalho) tem registado um peso crescente, representando atualmente cerca de 83% das vendas, sendo que o segmento Away from Home (grossistas – canal Horeca e escritórios) representam os restantes 17%. As marcas de fábrica registaram, no primeiro semestre de 2025, um crescimento de 20% face ao período homólogo, alicerçadas numa base diversificada de clientes e produtos inovadores”, reportou a Navigator.
O segmento de packaging teve um aumento de 8% de volume de negócios (dos quais +5% em volume vendido). “Esta evolução deve-se, essencialmente, ao desenvolvimento de novas gamas de produto na área da embalagem flexível, o que permitiu uma diversificação do negócio e o crescimento da base de clientes e mercados. A maior penetração em segmentos de baixas gramagens também confirmou a forte apetência da fibra de eucalipto globulus para estes segmentos e proporcionou um crescimento de 9% em área de papel vendido”, explica a empresa.
“A aposta em flexible packaging refletiu-se na decisão de investimento para a reconversão da máquina de papel PM3, em Setúbal, com o objetivo de direcionar a sua produção para papéis de embalagem flexível de baixas gramagens. Com este investimento, a Navigator vai tornar-se no 4º maior produtor europeu de papéis de embalagem flexível de baixas gramagens. Passamos de uma máquina que na produção de papéis de impressão e escrita estava posicionada no 3º quartil de competitividade, para uma máquina que na produção de embalagem flexível está nos primeiros lugares do 1º quartil de competitividade deste mercado”, acrescentou a cotada na bolsa portuguesa.
Para a Navigator este investimento “responde de forma ágil e eficiente às crescentes exigências” do mercado de embalagem flexível, com taxas de crescimento estimadas entre 2,5% e 3% até 2035. “O mercado tem demonstrado uma forte aceitação das soluções diferenciadoras da Navigator, como comprovado pelo crescimento da gama gKRAFT™ e pelo bom desempenho das baixas gramagens para aplicações de embalagem flexível, alternativas às de plástico de origem fóssil”, sublinha a cotada.
No 1º semestre o volume de investimentos chegou aos 94 milhões de euros (vs. 93 milhões no período homólogo), sendo que 56 milhões de euros foram para “investimentos em matérias ambientais ou de cariz sustentável criadoras” de valor.
“O montante de investimento alocado à sustentabilidade representa, assim, 60% e inclui maioritariamente projetos direcionados a descarbonização, manutenção da capacidade produtiva, modernização e melhoria de eficiência de equipamentos e projetos de segurança. Entre os investimentos destacam-se a nova Caldeira de Recuperação em Setúbal — equipamento de elevada eficiência no desempenho operacional e ambiental, nomeadamente pela redução de gases odorosos, , que já entrou em funcionamento e que assinala um novo marco no processo de descarbonização industrial; a nova unidade de cogeração da unidade Tissue em Aveiro; a linha de deslenhificação por oxigénio em Setúbal; a conversão do Forno de Cal de Setúbal para a queima de biomassa; a conversão dos processos de queima para hidrogénio em Aveiro; e o novo forno de cal a biomassa na Figueira da Foz”, explica a empresa.
A empresa reportou um rácio de dívida líquida/EBITDA de 1,46x no final do primeiro semestre de 2025, e uma geração de cash flow livre, no semestre, de 42 milhões de euros, contra os – 25 milhões de euros do período homólogo.
“Esta robustez financeira permite à Navigator continuar a investir no crescimento e na inovação, mantendo uma política de remuneração atrativa para os acionistas. Mantemos o foco na excelência operacional, com uma gestão rigorosa dos custos fixos — impactados pela integração da Tissue UK — e variáveis, enquanto aposta no aumento da produtividade e na eficiência energética”, diz a empresa.
Navigator implementa medida para responder a desafios
A cotada salienta que o primeiro trimestre foi marcado por um contexto macroeconómico e geopolítico “desafiante”, onde se inclui “o avanço do protecionismo, tensões comerciais agravadas entre blocos económicos, instabilidade no Médio Oriente e no Leste da Europa, volatilidade nos mercados de matérias-primas e energia”. Apesar disse a empresa referiu que “demonstrou uma notável capacidade de adaptação”.
A Navigator sublinha que em 2025 já implementou “medidas robustas para mitigar os impactos adversos e capitalizar oportunidades emergentes, mantendo o foco na eficiência e na competitividade”. Entre as principais ações a cotada destacou a “otimização de consumos de matérias-primas, a redução de custos variáveis de produção e de custos fixos, através de programas de aumento de eficiência interna e de renegociação com fornecedores, nomeadamente reduzindo de forma muito expressiva a importação de madeira”. Além disso a empresa confirmou que está a ser realizada uma “revisão criteriosa dos investimentos”, no montante de cerca de 40 milhões de euros, “através da recalendarização dos projetos com menor retorno potencial, priorizando” os projetos ao abrigo do PRR.
“Dada a forte incerteza sobre a evolução das tarifas nos Estados Unidos, a empresa decidiu, no início de abril, reforçar preventivamente os stocks neste mercado, deduzindo cerca de 10 milhões euros ao potencial de vendas no trimestre. A forte dependência de importações, que se agravará com a entrada em funcionamento de tarifas aduaneiras, irá provavelmente potenciar preços elevados e com tendência para subir, mesmo em situações de quebra de consumo, prevendo-se níveis ainda mais elevados para 2026”, alertou a Navigator.
Apesar da Navigator alertou para a “complexidade” do momento atual, entende que o mercado UWF revela também “novas oportunidades” em diferentes geografias.
“Os anúncios de aplicação de taxas pelo México sobre volumes asiáticos e pela Colômbia sobre volumes provenientes do Brasil continuam a proteger e a impulsionar as vendas da Navigator nestes mercados, reforçando a sua competitividade e presença regional”, diz a empresa cotada na bolsa portuguesa.
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