Os lucros da Kenmare, que explora a mina moçambicana de Moma, uma das maiores produtoras mundiais de titânio e zircão, recuaram 50% em 2024, para 64,9 milhões de dólares (60,2 milhões de euros), anunciou a mineradora australiana.
Este desempenho consta da informação aos mercados consultada pela Lusa, em que a Kenmare refere também ter aprovado o pagamento de um dividendo total do exercício de 2024 de 28,6 milhões de dólares (26,5 milhões de euros), relativo a 32 dólares (29,6 euros) por ação, contra os 56,04 dólares (51,9 euros) pagos em 2023.
Ainda assim, “elevando as distribuições aos acionistas para 295 milhões de dólares [273,3 milhões de euros] desde 2019”, afirma o diretor executivo da Kenmare, Tom Hickey, citado no documento.
A informação da mineradora acrescenta que a receita com os produtos minerais, extraídos da mina de Moma, norte de Moçambique, caiu 10% em 2024, para 392,1 milhões de dólares (363,2 milhões de euros), “devido a uma redução de 14% no preço médio recebido pelos produtos da Kenmare, parcialmente compensado por um aumento de 4% nas remessas”.
“Com 2025 bem encaminhado, estamos no caminho certo para atingir a nossa orientação de produção anual. A produção no primeiro trimestre foi impactada pela estação chuvosa do hemisfério sul, mas espera-se que se fortaleça a partir do segundo trimestre. A demanda pelos nossos produtos permanece saudável, com os preços de ilmenite a estabilizarem, após um 2024 mais fraco”, refere igualmente Tom Hickey.
Acrescenta que a empresa recusou recentemente uma possível oferta de compra de um consórcio constituído pela Oryx Global Partners e pelo ex-diretor executivo da Kenmare, Michael Carvill, além de estar a aguardar o desfecho da negociação com o Governo moçambicano para a extensão da concessão da mina em Cabo Delgado, que terminou em 21 de dezembro, mantendo-se em vigor até à decisão final.
“A Kenmare sempre teve uma visão de longo prazo sobre nossas operações e relacionamentos em Moçambique. Ao negociar a extensão sob nosso Acordo de Implementação, propusemos mudanças no regime de investimento aplicável, procurando equilibrar os interesses da empresa com o desejo do Governo de apoiar o desenvolvimento económico e garantir uma contribuição maior para Moçambique”, afirmou o diretor executivo da empresa.
A mina de Moma contém reservas de minerais pesados que incluem titânio, ilmenite e rútilo, que são utilizados como matérias-primas para produzir pigmento de dióxido de titânio, assim como um mineral de silicato de zircónio de valor relativamente elevado, o zircão.
A mineradora anunciou em abril de 2023 que previa explorar um novo filão no espaço de dois anos, na concessão de Moma, sinalizando a longevidade e rentabilidade da mina.
As exportações da mina de Moma, uma das maiores produtoras mundiais de titânio e zircão, cresceram 4% em 2024. De acordo com informação ao mercado prestada anteriormente pela Kenmare, em todo o ano passado foram feitos carregamentos de vários minerais acabados no total de 1.088.600 toneladas (areias pesadas, zircão, ilmenite e rutilo), sobretudo no segundo semestre.
“A previsão é que os carregamentos excedam a produção em 2025, apoiadas pelos elevados níveis de stock de produtos acabados”, acrescenta a mesma informação da mineradora, que opera a mina na costa da província de Nampula, no norte de Moçambique.
A empresa é uma das maiores produtoras mundiais de areias minerais, cotada nas bolsas de Londres e Dublin, sendo que a produção em Moçambique representa aproximadamente 7% das matérias-primas globais de titânio, com clientes em mais de 15 países, que usam os seus minerais pesados em tintas, plásticos e cerâmica.
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