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Lula critica “negacionismo e o unilateralismo” que sabotam futuro ambiental

No seu discurso na sessão plenária “Meio Ambiente, COP30 e Saúde Global”, o chefe de Estado brasileiro frisou que “o aquecimento global ocorre em ritmo mais acelerado do que o previsto e que “as florestas tropicais estão sendo empurradas para seu ponto de não retorno”.
7 Julho 2025, 16h08

O Presidente brasileiro criticou hoje o “negacionismo e o unilateralismo” que sabotam futuro ambiental, num discurso no último dia da cimeira de chefes de Estado e de Governo do grupo BRICS.

“Hoje, o negacionismo e o unilateralismo estão corroendo avanços do passado e sabotando nosso futuro”, disse Lula da Silva, perante representantes de cerca de 30 países e de uma dezena de organizações internacionais, que se encontram na cidade brasileira do Rio de Janeiro para participar no último dia da XVII Cimeira de Chefes de Estado e de Governo do grupo de países com economias emergentes.

No seu discurso na sessão plenária “Meio Ambiente, COP30 e Saúde Global”, o chefe de Estado brasileiro frisou que “o aquecimento global ocorre em ritmo mais acelerado do que o previsto e que “as florestas tropicais estão sendo empurradas para seu ponto de não retorno”.

“Uma década após o Acordo de Paris, faltam recursos para a transição justa e planejada, essencial para a construção de um novo ciclo de prosperidade”, denunciou, criticando ainda o facto de serem os países em desenvolvimento que “serão os mais impactados por perdas e danos”.

Estes países “são também os que menos dispõem de meios para arcar com mitigação e adaptação”, disse o Presidente do Brasil, país que acolhe a Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP30) que vai decorrer em novembro na cidade amazónica de Belém.

O Brasil, que alberga no seu território a maior floresta tropical do mundo (Amazónia) procura nesta cimeira dos BRICS estabelecer uma posição comum dos onze membros permanentes do grupo com vista à cimeira mundial sobre o clima (COP30), que se realizará na cidade brasileira de Belém em novembro.

No entanto, chegar a um consenso ambicioso prevê-se difícil, uma vez que o grupo conta entre os seus membros grandes produtores de hidrocarbonetos, como a Arábia Saudita, a Rússia, o Irão e os Emirados Árabes Unidos, e ainda a China, um dos países mais poluentes do planeta.

Arrancou assim a última sessão plenária desta cimeira que vai abordar questões relacionadas com o ambiente e, em particular, o financiamento climático exigido pelos países em desenvolvimento, sobretudo os que têm florestas tropicais, como o Brasil e a Indonésia.

A reunião analisará ainda uma proposta brasileira de criação de uma aliança para a erradicação de doenças negligenciadas, como a malária e a tuberculose, enfermidades influenciadas por fatores sociais, económicos e ambientais, e que afetam as populações mais vulneráveis.

Lula da Silva recebeu, no domingo e hoje, no Rio de Janeiro líderes dos BRICS para a cimeira anual do grupo, marcada pela ausência de presidentes como o russo, Vladimir Putin, e o chinês, Xi Jinping, numa cimeira que conta com cerca de 30 países representados e uma dezena de organizações internacionais.

Putin participou por videoconferência, após recusar o convite de Lula da Silva por estar sob mandado de captura emitido pelo Tribunal Penal Internacional por alegados crimes cometidos durante a guerra na Ucrânia, e é representado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Sergey Lavrov.

Mais surpreendente é a ausência de Xi Jinping, da China, que tem sido um participante constante em cimeiras anteriores, e é substituído pelo primeiro-ministro Li Qiang.

A cimeira centra-se em quatro temas principais: a reforma das organizações que regem a ordem internacional, a promoção do multilateralismo, a luta contra a fome e a pobreza e a promoção do desenvolvimento sustentável, num bloco que representa mais de 40% da população global e mais de 35% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial.

O grupo BRICS foi inicialmente formado pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul e, desde o ano passado, conta com seis novos membros efetivos: Egito, Irão, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Arábia Saudita e Indonésia.

A estes juntam-se, como membros associados, a Bielorrússia, a Bolívia, o Cazaquistão, Cuba, a Malásia, a Nigéria, a Tailândia, o Uganda, o Uzbequistão e o Vietname.

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