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Lula da Silva convida presidente de Angola para o G20

As relações entre os dois países da CPLP estão em alta. O Brasil está empenhado em liderar, ou co-liderar, o chamado Sul Global.
25 Agosto 2023, 17h51

O presidente brasileiro convidou o seu homólogo angolano, João Lourenço, a participar na cimeira do G20 que terá lugar, em setembro de 2024, no Rio de Janeiro, no âmbito da presidência brasileira deste bloco mundial, revela a imprensa angolana. Lula da Silva, que falava esta sexta-feira em Luanda, durante uma cerimónia oficial no âmbito do primeiro de dois dias de visita de Estado a Angola, disse ainda que receberá o seu homólogo “com toda a pompa” que merece – num quadro em que o chamado Sul Global está a posicionar-se como um agregado equivalente a uma super-potência, que o Brasil pretende liderar.

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Ou co-liderar: os analistas têm afirmado que é a China a liderar o processo de aumento da importância dos países do hemisfério sul no quadro da geopolítica global, mas o regime de Xi Jinping sabe que tem de deixar o palco para outros países que estão interessados no processo. Índia, Indonésia e, evidentemente, o Brasil, podem cumprir esse papel. E não é por acaso que Lula da Silva está em visita de Estado a Angola, depois de ter participado na 15ª cimeira dos BRICS – na vizinha África do Sul.

“Quero aproveitar e convidar o Presidente João Lourenço para participar da reunião do G20 ao longo da presidência brasileira, que terá início em dezembro deste ano, e iremos realizar a próxima reunião do G20 no Rio de Janeiro, possivelmente em setembro de 2024”, disse, citado pela imprensa local.

“Hoje, posso dizer que voltamos a Angola” prosseguiu Lula da Silva – que já visitou o país anteriormente – invocando palavras de Agostinho Neto, fundador do regime e primeiro presidente angolano: “Às nossas terras vermelhas do café, brancas do algodão, verdes dos milharais havemos de voltar, havemos de voltar à Angola libertada, à Angola independente”.

O significado da visita é, por isso, bem mais extenso que a mera presença de Lula da Silva em Angola. Revela, dizem os analistas, que a cimeira dos BRICS tem uma agenda que, no dia seguinte ao seu encerramento, já está a ser trabalhada.

Por seu turno, o chefe de Estado angolano afirmou, no Palácio Presidencial, que o programa de parceria estratégica, assinado em 2010 com o Brasil, “deve ser revitalizado” para que seja imprimida uma nova dinâmica nas relações de cooperação bilateral que “nos permita desenhar um modelo em que todos saiam efetivamente a ganhar”.

O Presidente da República acrescentou que com a assinatura do conjunto de instrumentos jurídicos, que vão ser assinados com o Brasil, Angola deposita “grandes esperanças nos resultados que advirão da execução desses entendimentos” que ajudarão a dinamizar a produção agrícola numa altura em que “a crise alimentar afeta praticamente todos os países do mundo”.

O Brasil foi o primeiro país a reconhecer a independência de Angola, alcançada em 11 de novembro de 1975.

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