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Maçonaria. “Propostas do PSD e PAN colocam dedo na ferida”, diz Marques Mendes

Para Marques Mendes, ocultar a integração numa organização como a Maçonaria gera um sentimento de “secretismo” que “alimenta as maiores especulações”.
21 Março 2021, 21h28

Luís Marques Mendes considera que as iniciativas do PAN e do PSD relativamente à proposta que visa tornar obrigatória a divulgação dos deputados e titulares de cargos públicos, no seu registo de interesses, se pertencem a associações como a maçonaria, “têm grande mérito” pois “colocam o dedo na ferida”.

No seu espaço habitual de comentário na Sic, este domingo, o conselheiro de Estado afirmou que as propostas apresentas, na semana passada, em Parlamento vêm no sentido de “de tornar claro que um titular de cargo político, ao assumir funções, devia tomar a iniciativa de declarar se pertence à Maçonaria, à Opus Dei ou a qualquer outra organização similar”, frisando que “devia ser um dever cívico e político, especialmente em relação à Maçonaria”.

Para Marques Mendes, ocultar a integração numa organização como a Maçonaria gera um sentimento de “secretismo” que “alimenta as maiores especulações”.

“Especula-se que muita gente vai para a Maçonaria para subir na vida política. Que outros vão para a Maçonaria para terem maior influência nos negócios”, disse. “A especulação é que a Maçonaria é uma espécie de elevador político e empresarial. E isto é péssimo”.

Quanto ao contra-argumento de que esta matéria devia manter-se privada, Luís Marques Mendes relembra que “quem vai para a vida política”, tem, por norma, obrigação de divulgar as suas contas bancárias, património e rendimentos. “Há coisa mais pessoal do que esses dados?”, levanta a dúvida.

O PSD quer obrigar os deputados e titulares de cargos públicos a declararem, no seu registo de interesses, se pertencem a associações como a maçonaria. A proposta foi feita esta semana na reunião da comissão parlamentar de Transparência e Estatuto dos deputados, que está a debater o projeto de lei do PAN. O diploma, da autoria de André Silva, prevê que a declaração seja facultativa, mas o PSD quer ir mais longe. André Coelho Lima defendeu que a proposta pode ser melhorada “em nome da transparência democrática”. Na prática, o PSD quer que os políticos sejam obrigados a declarar todas as associações a que pertencem. O_PAN está disponível para aceitar esta alteração e o CDS apoia a iniciativa.

A proposta está, porém, longe de ser consensual. O PS preparar-se para votar contra. Isabel Moreira acusou o PSD de “querer saber quem são os deputados que são da maçonaria” e considerou que esta proposta permitiria “mapear a vida do deputado”. O PCP também apresentou algumas reservas e poderá ser decisivo para travar as intenções do partido de Rio Rio. Já o BE, pela voz de José Manuel Pureza, admitiu que não é insensível em relação à necessidade de identificar “lealdades em termos associativos”.

 

 

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