“Sei que posso contar consigo para trazer a Rússia à razão e à mesa das negociações”, disse o chefe de Estado francês Emmanuel Macron ao seu homólogo chinês, Xi Jinping, esta quinta-feira, durante uma reunião bilateral oficial em Pequim. Macron está de visita à China durante três dias – parte dos quais partilhará o palco com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
O esforço conjunto vai no sentido de convencer a China a confirmar-se como estando do lado da solução – fazendo esforços para contribuir para a paz – e não do problema, o que fará se se mantiver ao lado da China.
Segundo a imprensa francesa, o presidente chinês, Xi Jinping, saudou os laços com a França num mundo que passa por “profundas mudanças históricas”, e enfatizou que as relações entre Paris e Pequim, no entanto, experimentaram um “desenvolvimento positivo e estável”.
Emmanuel Macron iniciou as suas conversações em Pequim para tentar “construir um caminho comum” com a China. “A capacidade de partilhar uma análise comum e construir um caminho comum é essencial”, disse o presidente francês no início do seu primeiro encontro no Palácio do Povo, coração do poder chinês, com o primeiro-ministro Li Qiang. “Nestes tempos conturbados que atravessamos”, Macron sublinhou “a importância” do “diálogo entre a China e a França”.
Ao longo do dia, o presidente francês e Ursula von der Leyen fazem chegar a voz da Europa sobre o conflito na Ucrânia até aos ouvidos de Xi Jinping, para já aliado próximo de Vladimir Putin. O presidente francês disse que não é do interesse da China fornecer armas à Rússia, dado que, se o fizesse, tornaria Pequim cúmplice na violação do direito internacional.
O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte, Jens Stoltenberg, fez entretanto a sua parte: esta quarta-feira, reafirmou que a China cometeria “um erro histórico” se decidisse fornecer à Rússia armas letais para ajudá-la a travar a sua guerra na Ucrânia. Mas a voz da NATO dificilmente ultrapassará a barreira da Grande Muralha, dado que a NATO isolou a China como o inimigo mais perene dos interesses da aliança a longo prazo.
De qualquer modo, num mundo cada vez mais bipolar entre os Estados Unidos por um lado e a China-Rússia por outro, Macron também leva na agenda questões económicas. Parece claro que o Eliseu não está particularmente interessado em alinhar sem reservas na proposta dos Estados Unidos de isolar economicamente a China. A França sabe que o papel económico da China na Europa é não só importante, como é também difícil de substituir, ‘Se não os vences, junta-te a eles’, dirá por certo o pragmatismo francês – que tem um longo histórico de desentendimento estratégico com os Estados Unidos.
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