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Macron sob pressão da esquerda para nomear novo primeiro-ministro

A Nova Frente Popular (NFP), mais votada nas eleições, propôs a economista Lucie Castets, de 37 anos, como próxima primeira-ministra e tem pressionado o Presidente francês a tomar uma decisão sobre a formação do novo governo, sem sucesso.
21 Agosto 2024, 16h49

Quase três meses após as eleições legislativas antecipadas em França, em que nenhuma força política obteve a maioria, o Presidente Emmanuel Macron está sob crescente pressão da esquerda para designar um novo primeiro-ministro.

A Nova Frente Popular (NFP), mais votada nas eleições, propôs a economista Lucie Castets, de 37 anos, como próxima primeira-ministra e tem pressionado o Presidente francês a tomar uma decisão sobre a formação do novo governo, sem sucesso.

No domingo, a força mais poderosa da NFP, o partido França Insubmissa (LFI na sigla em francês, da esquerda radical), acusou Macron, através de um anúncio publicado no A Tribuna de Domingo (La Tribune du Dimanche, em francês) e assinado por Jean-Luc Mélenchon, Mathilde Panot e Manuel Bompard, de um “golpe de Estado institucional” e ameaçou recorrer à Constituição francesa para o destituir.

Evidenciando a diferença de perspetivas dentro da própria coligação de esquerda, a candidata socialista Lucie Castets rejeitou na segunda-feira um eventual processo de destituição do Presidente, referindo que o seu objetivo é a coabitação.

“Existe uma emergência social e democrática no país atualmente”, afirmou Lucie Castets numa entrevista ao canal de televisão BFMTV, acrescentando que para si “o que é absolutamente urgente é implementar as políticas que o povo francês espera” e “fortalecer os serviços públicos”.

O próximo chefe de Governo francês terá de elaborar um orçamento antes do outono, para que possa ser aprovado por um parlamento caracterizado por uma fragmentação sem precedentes em França.

Anunciando a intenção de formar um novo governo com uma “maioria mais ampla e estável possível”, o chefe de Estado francês convocou os presidentes dos grupos parlamentares da Assembleia Nacional e do Senado para uma reunião na sexta-feira.

Com o fim da trégua olímpica devido à realização dos Jogos Olímpicos de Paris entre 26 de julho e 11 de agosto, o Presidente francês espera que, por uma questão de “responsabilidade”, os diferentes partidos franceses façam um esforço para pôr em prática o “desejo de mudança e de grande unidade” expresso nas urnas.

A presidência francesa já anunciou que a nomeação para o cargo de primeiro-ministro será feita após o fim destas consultas, embora não haja uma data específica para o anúncio da escolha de Macron, que terá de ser aprovada pela Assembleia Nacional.

Nas eleições legislativas antecipadas, os partidos aliados do partido presidencial Renascimento perderam a maioria na Assembleia Nacional, com a vitória da coligação de esquerda Nova Frente Popular (NFP) ao eleger 193 deputados a 07 de julho, sem obter a maioria absoluta de 289 lugares necessária para governar.

Em julho, Emmanuel Macron aceitou o pedido de demissão do primeiro-ministro, Gabriel Attal, que ficou até agora no cargo a gerir os assuntos correntes.

Em 13 agosto, o primeiro-ministro interino francês propôs à maioria dos grupos políticos da Assembleia Nacional “um pacto de ação para os franceses”, com vista a estabelecer “compromissos legislativos” no interesse comum, excluindo o partido de extrema-direita União Nacional (RN, sigla em francês) e a França Insubmissa (LFI).

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