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Madeira: Sindicato dos Jornalistas denuncia clima de “pressão e restrições” na cobertura aos incêndios

O sindicato diz que “não pode aceitar” que o acesso à informação, que é “um dos direitos do jornalista no exercício da atividade possa ser posto em causa. Também não vamos admitir que os jornalistas sejam alvo de pressões ou ataques à liberdade de informar. Iremos estar muito atentos e não deixaremos que tais situações voltem a repetir-se”.
22 Agosto 2024, 14h15

O Sindicato dos Jornalistas da Madeira, presidido por Filipe Gonçalves, denuncia o clima de “pressão e de restrições” que estão a prejudicar a atividade dos jornalistas que fazem a cobertura dos incêndios na Região Autónoma da Madeira.

“As pressões atingem também os responsáveis pelos órgãos de comunicação social que são pressionados a desmentir notícias que depois confirmam-se serem verdadeiras”, referiu a estrutura sindical.

O sindicato diz que um dos casos aconteceu nesta quarta-feira, e está ligado a uma notícia publicada pelo Diário de Notícias da Madeira.

“Os jornalistas deste matutino deram conta e que tinha sido ativado o mecanismo europeu de proteção civil e por isso, a Madeira iria receber a ajuda da Força Aérea de Espanha. Com base em factos e declarações, os jornalistas noticiaram que os Canadair, dois meios aéreos provenientes de Espanha, seriam utilizados no combate aos incêndios na Madeira. Após a publicação da notícia, fontes do Governo Regional apressaram-se a desmentir a informação numa tentativa de “assassinato profissional”, como refere o diretor, Ricardo Miguel Oliveira. Duas horas depois, é o próprio Miguel Albuquerque, presidente do Governo Regional, a confirmar a vinda dos dois meios aéreos para a Madeira”, diz o sindicato.

O sindicato acrescenta que outra situação reportada à estrutura sindical, é referente a sábado, com a restrição de jornalistas, operadores de imagem e fotojornalistas no acesso à freguesia do Curral das Freiras.

“Houve indicações claras por parte da PSP para não permitir o acesso da Comunicação Social ao local, sendo que esta dificuldade só foi superada, após vários contactos para que pudessem permitir a passagem dos jornalistas”, diz o sindicato.

A estrutura sindical diz que aconteceu uma situação idêntica no domingo, no Curral das Freiras, mais precisamente no sítio da Fajã dos Cardos.

“A equipa de reportagem da RTP Madeira foi a primeira a chegar ao local, por volta das 21h30. Iniciou de imediato o trabalho com a recolha de imagens e depoimentos dos moradores. Depois, chegou a equipa da CNN/TVI que também tratou de recolher informações sobre o incêndio. As duas equipas estavam em locais privados, a falar com moradores e foram obrigadas a abandonar o local. O jornalista da RTP Madeira ainda tentou saber por que motivo teria de abandonar o local e obteve como resposta: “São as ordens que temos de não deixar a comunicação social ficar no local, só os moradores”. Os jornalistas da Televisão Pública saíram do local assim que terminaram as entrevistas com os populares, a equipa da CNN/TVI foi escoltada pela PSP”, salientou o Sindicato dos Jornalistas da Madeira.

O sindicato diz que “não entende” a dualidade de critérios na permissão de passagem na estrada encerrada pelos agentes da PSP. “Permitiram um deputado do JPP circular, em ação de campanha, e impediram os jornalistas de passar para exercer a sua atividade: informar”, disse a estrutura sindical.

“A Delegação da Madeira do Sindicato de Jornalistas entende que é necessário criar um perímetro de segurança para que as operações possam ser feitas com a máxima eficácia. Entende, também, que temos de salvaguardar as vidas, os bens pessoais e patrimoniais e que o jornalista não pode e nunca será um elemento perturbador nas operações de socorro; Sabemos os nossos direitos e deveres, e, em nosso entender, nada justifica estes comportamentos”, salientou a estrutura sindical.

Contudo o sindicato diz que “não pode aceitar” que o acesso à informação, que é “um dos direitos do jornalista no exercício da atividade possa ser posto em causa. Também não vamos admitir que os jornalistas sejam alvo de pressões ou ataques à liberdade de informar. Iremos estar muito atentos e não deixaremos que tais situações voltem a repetir-se”.

O sindicato expressou também a sua solidariedade para com aqueles que estão a ser afetados pelos incêndios, que deflagram na Região Autónoma desde 14 de agosto, e endereçou palavras de “coragem e resiliência” às mulheres e homens que estão no terreno a fazer de tudo para salvar a Madeira.

“Também solidarizamo-nos com todos os camaradas que estão horas a fio a fazer a cobertura dos incêndios e exercem a atividade com brio, profissionalismo e cumprindo o Código Deontológico. Bem hajam”, referiu a estrutura sindical.

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