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Magnata indiano Gautam Adani acusado de suborno nos EUA

Esquema de pagamentos ascende aos 265 milhões de dólares. Adani é o segundo homem mais rico da Índia e o esquema supostamente fraudulento tem repercussões políticas, com o governo de Narendra Modi.
21 Novembro 2024, 09h43

O bilionário indiano Gautam Adani foi indiciado por promotores norte-americanos por suposto envolvimento num esquema de 265 milhões de dólares para subornar autoridades indianas, atirando o seu conglomerado para uma delicada situação pela segunda vez em dois anos. Várias acusações de fraude – que as autoridades dos EUA dizem envolver uma empresa listada em Nova Iorque e que afetou investidores americanos – foram feitas contra Adani, uma das pessoas mais ricas do mundo. O esquema envolve outras sete pessoas, também constituídas arguidas, conta a agência Reuters.

A acusação surge na sequência de uma forte turbulência de que Adani Group foi figura central no ano passado, depois de a Hindenburg Research emitir um relatório que o acusou de usar paraísos fiscais offshore de forma fraudulenta – o que a empresa negou. As ações e títulos das empresas do grupo caíram esta quinta-feira e a Adani Green Energy, a empresa no centro das alegações, cancelou uma venda de 600 milhões de dólares em títulos denominados em dólares norte-americanos.

Foram emitidos mandados de prisão nos EUA para Adani e para o seu sobrinho Sagar e os promotores planeiam entregar esses mandados às autoridades estrangeiras. Sagar é diretor executivo da Adani Green e supervisiona “assuntos estratégicos e financeiros”. O Adani Group disse em comunicado que as alegações são “infundadas e negadas”, acrescentando que usará “todos os recursos legais possíveis” para defender-se.

Promotores federais dos EUA disseram que os réus concordaram em pagar subornos a funcionários do governo indiano para obterem contratos de fornecimento de energia que devem render dois mil milhões em lucro nos próximos 20 anos e contribuir para desenvolver o maior projeto de energia solar da Índia.

As acusações envolvem ainda o ex-CEO Vneet Jaain. Os três são acusados de fraude com valores mobiliários, conspiração de fraude de valores mobiliários e conspiração de fraude eletrónica. São também em paralelo acusados pela Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC). “Gautam e Sagar Adani estavam envolvidos no esquema de suborno em setembro de 2021 da Adani Green, que arrecadou 750 milhões de dólares, incluindo aproximadamente 175 milhões de investidores dos EUA”, disse a SEC em comunicado, acrescentando que uma empresa central para o esquema, a Azure Power, costumava negociar na Bolsa de Valores de Nova Iorque.

Debopriyo Moulik, um advogado criminal em Nova Delhi, disse esperar que o Grupo Adani procure rejeitar as acusações. “Uma vez que foi emitido um mandado de prisão, as autoridades dos EUA terão que abordar o governo indiano por via da embaixada indiana para executar tal mandado na Índia”, acrescentou. A Índia e os EUA têm um tratado de extradição.

As ações da Adani Green Energy caíram 16% e as ações de muitas outras empresas do conglomerado, incluindo a principal, a Adani Enterprises, que perdeu mais de 10%. O grupo perdeu 20 mil milhões de dólares em valor nas negociações de quinta-feira na Índia, colocando a capitalização de mercado combinada de suas empresas em 148 mil milhões. Antes do processo, o valor de mercado do grupo era de 235 mil milhões antes. As ações da GQG Partners, uma empresa de investimentos listada no mercado da Austrália e ligada a da Adani, caíram 20%.

O governo do primeiro-ministro Narendra Modi foi acusado pela oposição de favorecer a Adani. Modi e Adani, ambos do Estado ocidental de Gujarat, negaram. O Partido do Congresso da Índia, na oposição, reiterou os pedidos para uma investigação parlamentar sobre as supostas irregularidades do Grupo Adani. Uma investigação do SEBI na sequência do relatório Hindenburg está em andamento.

As acusações criminais do Procurador dos EUA do Distrito Leste de Nova York mostram que alguns implicados se referiram em particular a Gautam Adani com a referência ‘numero um’ e ‘o grande homem’, enquanto Sagar Adani supostamente usou o seu telefone pessoal para conseguir detalhes sobre os subornos. Cinco outros réus foram acusados de conspiração para violar a Lei de Práticas de Corrupção no Exterior, uma lei antissuborno dos EUA, e quatro foram acusados de obstrução à justiça.

Nenhum dos réus está sob custódia, disse um porta-voz do procurador Breon Peace. Acredita-se que Gautam Adani esteja na Índia. Com uma fortuna avaliada pela Forbes em 69,8 mil milhões de dólares, é o segundo homem mais rico da Índia depois de Mukesh Ambani.

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