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A maior concentração de vinhos de Portugal

Hoje é dia de S. Martinho, mas a nossa sugestão passa por esquecer as castanhas, a jeropiga ou a água-pé e dedicar-se a alguns dos quase três mil vinhos à prova, no Encontro com o Vinho e Sabores 2016.
11 Novembro 2016, 13h11

Já diz o ditado popular: “No dia de São Martinho, vai à adega e prova o vinho”, pelo que a nossa sugestão não é assim tão progressista. Até porque, por estes dias, o Centro de Congressos de Lisboa vira, de longe, a maior adega do país, albergando praticamente três mil vinhos de 450 produtores, representando todas as regiões.

“Num espaço pequeno e em poucas horas pode visitar-se todo o Portugal vínico”, explica João Geirinhas, responsável na Revista de Vinhos pelo evento, antes de continuar: “A palavra ‘encontro’ não é um acaso, é muito importante porque possibilitamos um contacto direto entre os produtores e os consumidores que podem assim esclarecer todas as dúvidas sobre este ou aquele vinho, as suas características ou os objetivos do produtor. Esse contacto é importante também para os produtores que podem assim escutar, em primeira mão, a opinião do consumidor final. É um fator diferenciador do nosso evento.”

O Encontro com o Vinho e Sabores entra já na 17ª edição e é seguramente o maior evento vínico do país. Ocorre de 11 a 14 de Novembro no Centro de Congressos de Lisboa (antiga FIL) e a entrada custa 10 euros. Mais três euros, se pretender um copo de provas (opcional).

Surpreendentemente, apesar do elevadíssimo número de vinhos presentes, a oferta situa-se na gama média e alta. “É mais um argumento importante para nos virem visitar, porque, para muitas pessoas, é uma oportunidade única de provarem um leque variado de vinhos de qualidade. De outro modo seria quase proibitivo.”

Como pretende ser um acontecimento de divulgação, o evento conta com um vasto programa de palestras ou provas especiais. Hoje, por exemplo, ninguém deveria perder, às 19h30, uma prova histórica de Vinhos da Talha, “vinhos com um caráter muito especial, único”. Os Vinhos da Talha – uma espécie de ânfora onde o vinho fermenta, com o barro a ajudar à micro oxigenação do vinho – datam do tempo dos romanos, mas é uma tradição que se foi perdendo até desaparecer de quase todos os países produtores no velho continente. Sobram algumas honrosas exceções que, em Portugal, se encontram no Alentejo. É um vinho de enorme sazonalidade e está pronto a ser consumido precisamente por altura do S. Martinho, quando o processo está concluído após as colheitas de setembro. Não é fácil encontrar verdadeiros vinhos da talha, daí a importância desta prova.

Este é um encontro feito para agradar a gregos e troianos ou, no caso, apreciadores ocasionais e verdadeiros conhecedores. Assim, e sobretudo para os mais exigentes, existem também “Provas Especiais”, comentadas por especialistas (com um custo acrescido de 30 euros). “Trata-se de vinhos muito raros, muitas vezes difíceis de encontrar e que podem custar centenas de euros”, esclarece também João Geirinhas. Assim, teremos, por exemplo, uma prova de vinhos Graham’s, vinhos vintage e tawny, alguns já dos anos 50. Ou Madeiras quase centenários. “Este ano temos também uma presença internacional maior, com destaque para uma prova de Vega Sicilia, o vinho mais reconhecido de Espanha (uma espécie de Barca Velha espanhol, com a diferença de ser mais antigo e ter um reconhecimento internacional maior).”

Ao todo serão 12 Provas Especiais, em “três dias muito intensos de provas e sensações”. Não será bom para o fígado, mas o encontro acontece apenas uma vez por ano.

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