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Mais Habitação “vai produzir efeitos severos e contrários aos desejados”, diz economista

Ricardo Guimarães, diretor da Confidencial Imobiliário, diz ainda, em entrevista à “Antena 1” e ao “Jornal de Negócios”, que as cidades de Lisboa e Porto já não são os motores da valorização dos preços das casas, porque há outras “a valorizar 30%”.
Margarida Grossinho
24 Setembro 2023, 08h00

O pacote Mais Habitação, que abrange mudanças fiscais e nos mercados de arrendamento, Alojamento Local e imóveis devolutos, “vai produzir efeitos severos e contrários aos desejados”, afirmou o economista Ricardo Guimarães, em entrevista à “Antena 1” e ao “Jornal de Negócios”, divulgada este sábado.

“O nosso problema é a falta de oferta. Os preços sobem e as rendas sobem assim por falta de oferta. Os proprietários sentem que têm capacidade de aumentar preços em resultado da falta de oferta. O que há a fazer é tirar aos proprietários essa capacidade, promovendo a oferta com mais investimento em arrendamento”, argumentou.

Para o diretor da Confidencial Imobiliário, as metrópoles de Lisboa e Porto “deixaram de ser os motores da valorização” dos preços das casas, porque “há outras cidades a valorizar a 30%”, em comparação com os 5-7% das anteriores. Porém, descarta também falar em bolha imobiliária ou desvalorização no mercado, porque o nível de endividamento se mantém mais baixo do que no passado, apesar da subida dos juros.

Em relação às medidas anunciadas esta quinta-feira pelo Governo, Ricardo Guimarães caracteriza como “positivas e bem-vindas”, sobretudo o subsídio às rendas e as bonificações nos juros. “Mas também, focando no crédito à habitação, não imagino que o volume seja muito expressivo no final do dia”, ressalvou.

Nas declarações proferidas à rádio e ao jornal de economia, Ricardo Guimarães mostra-se ainda contra o travão ao aumento de rendas, porque acha que impede quem está fora do mercado de arrendamento de conseguir arrendar uma casa. “Até podia ser uma medida eficaz e que se aceitasse, mas a verdade é que vai proteger quem está dentro do mercado, limitando a oferta e promovendo o aumento de rendas para quem está de fora”, defendeu.

Na sua opinião, é necessário proceder a uma redução da carga fiscal – IVA da construção – e a uma revisão das tabelas do IMI e do IMT para a camada jovem da população. “O problema da habitação não está em quem é inquilino ou proprietário. Está em quem quer entrar no mercado e não consegue”, concluiu.

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