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OCDE avisa que subida de juros da dívida dos Estados Unidos pode levar a maior volatilidade nas moedas dos emergentes

Para a OCDE, um risco particular para as economias dos mercados emergentes é que o aumento dos juros das dívidas soberanas dos Estados Unidos pode desencadear uma reversão nos fluxos de capital e maior volatilidade da moeda. 
10 Março 2021, 08h05

Os receios sobre a subida da inflação impulsionada pela recuperação económica tem levado a uma subida das yields nos Estados Unidos e na zona euro e as consequências poderão alastrar-se aos mercados emergentes. O alerta é da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE), que assinala que o aumento dos juros da dívida soberana dos Estados Unidos poderia desencadear uma maior volatilidade na moeda.

No relatório das projeções económicas intercalares, publicado esta terça-feira, a OCDE assinala que a rápida resposta dos bancos centrais à crise provocada pela pandemia e os apoios às empresas implementados pelos governos têm continuado a apoiar as condições do mercado financeiro. Contudo, diz que continuam a existir “risco substanciais em segmentos de mercado específicos” e que. qualidade do crédito também diminuiu, com os investidores a avançarem para mercados mais arriscados, aumentado a exposição a empresas com ratings mais baixos e economias do mercado emergente.

A OCDE salienta a subida dos juros da dívida dos EUA, que atingiu os 11,2% no final de fevereiro, e que na segunda-feira subiram para máximos desde fevereiro de 2020, com uma rentabilidade no mercado secundário em quase 1,6%.

“As yields soberanas estão a subir noutros países e segmentos de mercado, embora continuem de forma geral muito baixos”, pode ler-se no relatório assinado pela economista-chefe da OCDE, Laurence Boone.

Para a OCDE um risco particular para as economias dos mercados emergentes é que o aumento dos juros das dívidas soberanas dos Estados Unidos pode desencadear uma reversão nos fluxos de capital e maior volatilidade da moeda.

“Efeitos de inflação mais fortes do que o esperado devido ao estímulo orçamental dos Estados Unidos ou o aumento de divergência entre a recuperação nos Estados Unidos e outras economias avançadas, aumentaria esses riscos”, sublinha, ainda que assinale que a dependência da maioria das economias dos mercados emergentes do financiamento externo é atualmente menor do que em 2013, com uma maior poupança do setor privado a compensar o endividamento dos Estados.

Apesar desta evolução permitir diminuir o impacto da reversão do fluxo de capital, a OCDE salienta que o aumento dos preços das commodities irá exercer pressão sobre os saldos externos dos importadores líquidos de commodities e muitas economias irão continuar a ser adversamente afetadas pela diminuição das viagens e do turismo internacional.

Assinala ainda como “preocupação” para todas as economias o elevado endividamento, “especialmente dívida corporativa”, com encargos do serviço da dívida do setor privado iguais ou acima do nível registado durante a última crise financeira, “apesar das taxas de juro historicamente baixas”.

Perante este cenário, adverte que uma recuperação da economia lenta ou a retirada dos apoios ao emprego poderia desencadear defaults, com pressões adversas também sobre os credores.

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