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Marcelo diz que Portugal “tem de pagar” custos da escravatura e dos massacres coloniais

As palavras do Presidente da República, proferidas num evento com vários jornalistas estrangeiros, que teve lugar esta semana, chegam numa altura em que muitos países africanos se juntaram a pedir compensações pela escravatura e pelos massacres coloniais.
24 Abril 2024, 14h50

O Presidente da República reconheceu que Portugal é responsável por vários crimes cometidos durante a era colonial e escravatura transatlântica, sugerindo que o país deve pagar por reparações aos países visados.

As declarações de Marcelo Rebelo de Sousa surgem após um evento com vários jornalistas estrangeiros, sendo citado pela agência “Reuters” desta vez. Esta manhã surgiram também notícias de que o Presidente da República terá cortado relações com o próprio filho na sequência do caso das gémeas luso-brasileiras, em que Nuno Rebelo de Sousa terá tentado marcar uma reunião com o chefe de Estado.

No evento com a imprensa internacional, o Presidente da República disse que Portugal “assume total responsabilidade” pelo que aconteceu no passado. Marcelo terá ainda considerado que os “massacres coloniais” tiveram “custos”.

“Temos de pagar esses custos. Há ações que não foram punidas e os responsáveis não foram presos? Há bens que foram roubados e não foram devolvidos? Vamos ver como podemos fazer para reparar isso”, apontou Marcelo no evento.

As palavras do presidente português chegam numa altura em que África e vários países do Caribe se juntaram a pedir compensações por toda a escravatura do passado. Dados citados pela “Reuters” lembram que Portugal traficou quase seis milhões de africanos, “mais do que qualquer outra nação europeia”.

A agência indica mesmo que “Angola, Moçambique, Brasil, Cabo Verde, Timor Leste e partes da Índia [em referência a Goa e Damão] foram sujeitos às regras portuguesas”, o que, muitas vezes, é percetível como um “motivo de orgulho” atualmente.

Depois de todas as declarações, Marcelo Rebelo de Sousa disse que assumir a responsabilidade é o mais importante, acima de pedir desculpa. “Pedir desculpa é a parte mais fácil. Pedimos desculpa, viramos costas, e o trabalho está feito”, declarou aos jornalistas.

Esta é a primeira vez que um líder de um país sul europeu sugere um pedido de desculpas pela escravatura em África.

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