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Marcelo vai perdendo popularidade entre a Cristina, o Panamá e a Jamaica

Habituado aos 19 valores nos tempos de estudante, Marcelo Rebelo de Sousa viu a popularidade descer até aos 14,5 valores na mesma altura em que dá sinais de estar interessado na reeleição.
19 Fevereiro 2019, 09h30

A queda da popularidade do Presidente da República para o nível mais baixo desde o início do seu mandato vem na sequência de resultados cada vez piores, mas os 14,5 valores do estudo da Aximage referente ao mês de Fevereiro refletem uma conjuntura muito especial. Na véspera do estudo, realizado entre os dias 5 e 10 de fevereiro, Marcelo Rebelo de Sousa visitou o bairro conhecido por Jamaica, no Seixal, tirando uma selfie ao lado do suspeito de ter apedrejado um agente da PSP. Reagindo à polémica, e às críticas de dirigentes associativos das forças de segurança, por sua vez acusadas de racismo após a divulgação de imagens da intervenção policial, Marcelo fez um comentário lacónico: “Não peço o cadastro criminal para falar com as pessoas ou para tirar selfies.”

Se a queda abrupta na avaliação do Presidente da República – baixou de 15,9 em janeiro para 14,5 em fevereiro – teve algo a ver com a visita-relâmpago de Marcelo Rebelo de Sousa às coordenadas mais polémicas da Grande Lisboa, também é verdade que o fim da unanimidade em torno do Chefe de Estado não é um fenómeno recente, como indicam oito meses consecutivos a perder popularidade desde os 18,3 valores que Marcelo, conhecido pela média de 19 nos tempos de estudante na Faculdade de Direito de Lisboa, tinha em maio de 2017.

Ter níveis de popularidade inferiores aos obtidos por Cavaco Silva é algo que não está a suceder a Marcelo Rebelo de Sousa na melhor altura. Poucos dias antes da visita à Jamaica, o Presidente da República deslocara-se ao Panamá – nesse caso mesmo o país centro-americano, e não um conjunto de prédios degradados na margem sul do Tejo – para participar nas Jornadas Mundiais da Juventude e presenciar o anúncio da escolha de Lisboa como o local em que o maior evento organizado pela Igreja Católica decorrerá em 2022. Foi então que reconheceu, em declarações à comunicação social, ter “grande vontade” de se recandidatar a um segundo mandato em 2021.

Desde Ramalho Eanes que todos os Chefes de Estado são reeleitos com relativa ou extrema facilidade para um segundo mandato – o mais “apertado” foi Cavaco Silva, em 2011, mas evitou a segunda volta com 52,95% dos votos -, contando com a mobilização da sua área política e com a escassez ou ausência de empenho por parte do maior partido que não o apoiou aquando da chegada ao Palácio de Belém. Algo que também se deverá aplicar a Marcelo Rebelo de Sousa caso decida avançar em 2021, embora não falte no PSD e no CDS-PP quem seja forçado a morder a língua para não criticar o Presidente da República.

Entre os críticos, por ora militantemente silenciosos – o social-democrata Miguel Albuquerque, presidente do Governo Regional da Madeira, foi mais longe, declarando que “não elegemos um Presidente para tirar selfies” -, da atuação do Chefe de Estado há quem lhe aponte a propensão para o populismo que se traduz em momentos como o telefonema que fez a Cristina Ferreira aquando da estreia da apresentadora no programa das manhãs da SIC, mas ainda mais quem se tenha fartado do apoio que tem dado ao Executivo de António Costa. Um dos exemplos mais recentes foi a sua participação no programa televisivo “Circulatura do Quadrado”, da TVI 24, no qual secundou a inquietação do primeiro-ministro quanto ao crowdfunding da greve dos enfermeiros e apoiou o recurso à requisição civil.

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