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Mário Centeno: “A melhor forma de superar uma crise é ter instituições fortes e credíveis”

O governador do Banco de Portugal considera que a compra de ativos do Banco Central Europeu (BCE) contribuiu para reforçar a confiança dos europeus na moeda única e elogiou as decisões “corajosas” tomadas pelos Governos. Alertou, no entanto, que a política orçamental deve ser “direcionada para onde é mais necessária”.
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    José Sena Goulão/Lusa
12 Maio 2021, 11h50

O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, defendeu esta quarta-feira que a melhor forma para superar a crise provocada pela Covid-19 é ter “instituições fortes e credíveis”. O ex-ministro das Finanças considera que a compra de ativos do Banco Central Europeu (BCE) contribuiu para reforçar a confiança dos europeus na moeda única e elogiou as decisões “corajosas” tomadas pelos Governos europeus.

“A melhor forma de superar uma crise é ter instituições fortes e credíveis. É por isso que hoje o euro tem o mais forte apoio de sempre entre os cidadãos europeus”, referiu Mário Centeno, numa intervenção com o tema “como garantir a recuperação económica numa Europa pós-pandemia”, proferida no 30.º congresso da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações (APDC).

Mário Centeno sublinhou que 79% dos europeus apoiam o euro em 2021, enquanto em 2015 eram apenas 62%. A contribuir para esse aumento da confiança dos europeus na moeda única estão, segundo o governador do Banco de Portugal, os quatro biliões de euros em compras de ativos pelo BCE e dois biliões de liquidez, que “fizeram a diferença” no combate à pandemia e foram aplaudidos pelos europeus.

“Como antigo presidente do Eurogrupo e agora governador do Banco de Portugal, essa é exatamente a finalidade para a qual dedicamos o nosso esforço enquanto legisladores”, disse.

Mas alertou: “As decisões tomadas em 2020, corajosas como foram, foram mais simples do que o que virá a seguir”. Segundo o governador do Banco de Portugal, as políticas orçamentais devem dar resposta aos problemas sociais prementes e ser “direcionadas para quem mais precisa”, dado que a pandemia veio provocar uma crise “assimétrica”, apesar de ter atingidos todos os países e o comércio mundial.

“Dada a realidade assimétrica, escolhas têm de ser feitas. Todos os agentes económicos devem participar no esforço para o processo de retoma. Desta vez, deixar sectores ou partes da população para trás não é uma opção. Colocar todos os esforços na administração pública será um fracasso. Nenhum sector pode lidar com a crise sozinho”, frisou.

Para uma recuperação económica “sustentável e inclusiva”, Mário Centeno referiu que é preciso “políticas fiscais que tenham em conta as assimetrias” e a promoção dos “incentivos corretos”. “Mas à medida que a incerteza for desaparecendo, o foco deve estar na criação de empregos. Isso ajuda a realocação de recursos, se necessária, e essa relocação não é necessariamente má se o resultado for visível para os trabalhadores”, disse.

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