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Mário Ferreira: Futuro dos media depende da capacidade de se “reinventarem”

O dono da Douro Azul, que adquiriu 30,22% da Media Capital aos espanhóis da Prisa, defendeu que os meios de comunicação, sobretudo os deficitários, devem seguir o exemplo de grupos “mais pequenos” como a Cofina.
14 Maio 2020, 18h02

O futuro e a sobrevivência dos media dependem da capacidade de se “reinventarem” a nível da gestão, nomeadamente no que diz respeito aos trabalhadores, disse hoje o empresário Mário Ferreira em entrevista à agência Lusa.

O dono da Douro Azul, que adquiriu 30,22% da Media Capital aos espanhóis da Prisa, defendeu que os meios de comunicação, sobretudo os deficitários, devem seguir o exemplo de grupos “mais pequenos” como a Cofina.

“Isto tem a ver com gestão, se é preciso 50 funcionários não se pode ter 350 e isso é o que acontece em muitos destes jornais. Infelizmente, as novas tecnologias e a forma de consumo da imprensa escrita mudou e muitas destas máquinas pesadas não se ajustaram”, destacou.

Ainda assim, o empresário está otimista para o futuro dos media em Portugal.

“Eu acredito neste setor e neste grupo de empresas em particular pelas possibilidades e instrumentos que têm”, ressalvou.

Questionado sobre a compra antecipada de publicidade institucional de 15 milhões de euros por parte do Estado, para ajudar a combater os efeitos da pandemia de covid-19, Mário Ferreira admitiu que o montante “é baixo”, mas reconheceu a “boa vontade”.

“Aliás o setor da comunicação social até está a ser favorecido, no setor turístico que eu saiba ainda ninguém nos comprou viagens ou cruzeiros para ajudar”, comentou o empresário.

Para Mário Ferreira, “quem se estabelece tem que ter uma estratégia para saber aguentar as empresas”.

“Isto são empresas, são negócios e no caso da Media Capital, em particular, nos últimos anos foi uma empresa que deu grandes lucros e distribuiu grandes dividendos, de quase 20 milhões de euros por ano”, referiu.

“O meu objetivo como empresário é que o futuro Conselho de Administração possa delinear uma estratégia adequada a levar o quanto antes os volumes de receitas e os resultados [da dona da TVI] outra vez para níveis interessantes, mas com mérito próprio, sem andar a depender nem de apoios do Estado nem de outros”, vincou o empresário.

Questionado sobre as críticas de que foi alvo por parte de Ana Gomes, que pediu uma avaliação à sua idoneidade por parte da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) e da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), Mário Ferreira acusou a ex-eurodeputada de precisar de “vir para a ribalta”.

O empresário disse ainda que Ana Gomes “perdeu tempo de antena com a covid-19” e que agora quer “colar-se a uma presa, que lhe possa estar a dar alguns minutos de comentadora e pouco mais”.

“O que podemos fazer é mostrar, com o nosso trabalho, que ela está errada”, sublinhou Mário Ferreira.

A Prisa anunciou hoje que o empresário Mário Ferreira comprou 30,22% da Media Capital, através da Pluris Investments, numa operação realizada por meio da transferência em bloco das ações por 10,5 milhões de euros.

Em comunicado ao regulador espanhol CNMV, a Prisa refere que a Vertix SGPS, sua subsidiária, e a Pluris Investments, empresa de Mário Ferreira e Paula Ferreira, firmaram “a aquisição pela Pluris de ações representativas de 30,22% do capital social da subsidiária portuguesa da Prisa, grupo Media Capital SGPS”.

“A operação foi realizada por meio de transferência em bloco das ações por um preço de 10.500.000 euros”, adianta.

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