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Marisa Matias: “O riso de Joe Berardo é o melhor retrato da elite medíocre e parasitária”

A eurodeputada do Bloco de Esquerda criticou a audição de Joe Berardo no Parlamento onde foi ouvido na comissão sobre a Caixa Geral de Depósitos. Marisa Matias defende uma maior atuação da justiça em relação à má gestão dos bancos. “Ainda não vimos nenhum banqueiro a ser condenado em nenhum destes processos”, afirmou.
11 Maio 2019, 19h44

A eurodeputada do Bloco de Esquerda lançou fortes críticas a Joe Berardo e acusou o empresário de “rir-se das pessoas” durante a sua audição na segunda comissão parlamentar de inquérito à recapitalização da Caixa Geral de Depósitos na sexta-feira 10 de maio.

“Por falar em irresponsáveis, ontem o país teve a oportunidade de ver um deles, em direto, na Assembleia da República. O riso de Berardo, quando confrontado com a sua delinquência financeira, é o melhor retrato da elite medíocre e parasitária”, disse Marisa Matias este sábado, 11 de maio, num comício no Porto segundo a TVI 24.

A eurodeputada referiu-se desta forma à audição do empresário  no Parlamento que ficou marcada por frases como “eu pessoalmente não tenho dívidas”. De acordo com a auditoria da EY à gestão da Caixa Geral de Depósitos (CGD), o banco público tinha em 2015 uma exposição a Joe Berardo e à Metalgest num total de 321 milhões de euros.

“Há dois países em Portugal, há o país de Berardo e há o país das trabalhadoras da Sioux. Em Portugal, um trabalhador deve mil euros ao banco, não consegue pagar e pode perder a casa; se um banqueiro deve mil milhões e não quer pagar, o que é que faz? Vai rir-se para a Assembleia da República”, afirmou.

A Sioux é uma fábrica de calçado localizada em Boim, Lousada. As trabalhadoras têm estado em vigília na fábrica que está em risco de insolvência.

“Nós não nos enganamos de que lado estamos. Nós estamos do lado de quem defende os trabalhadores e não dos Berardos desta vida, nós estamos do lado de quem quer regular o sistema financeiro, nós estamos do lado de quem quer acabar com estes roubos”, declarou.

Em declarações anteriores, a eurodeputada já tinha criticado Joe Berardo. “Infelizmente, ontem assistimos a um banqueiro português literalmente a rir-se das pessoas”, disse Marisa Matias este sábado sobre a audição de Joe Berardo, que é empresário, e não banqueiro.

Este episódio levou Marisa Matias a recordar o dinheiro público que tem sido injetado nos bancos europeus ao longo da última década. “Isto tem muito a ver com o que se passa em Portugal e em Bruxelas, sobretudo desde a crise financeira em 2008, com mais de 30% do PIB europeu a ser injetado em operações de recapitalização da banca ou de limpeza de ativos tóxicos”, afirmou em declarações transmitidas pela TVI 24.

“Obviamente que isto não é apenas uma questão de regulação, é uma questão de justiça mas a regulação tem de ajudar a justiça. Ainda não vimos nenhum banqueiro a ser condenado em nenhum destes processos. Temos de ajudar a justiça a funcionar nestes domínios”, defendeu a eurodeputada, cabeça de lista pelo Bloco de Esquerda às eleições europeias.

Marisa Matias defendeu também o fim dos paraísos fiscais com o objetivo de combater a evasão fiscal. “A regulação é uma questão fundamental  para extinguir os offshores, o que permite toda a gente possa fazer do seu dinheiro o que bem entender, como não pagar impostos onde deve, ou não contribuir para as contas publicas e para a sua consolidação e permitir esquemas de corrupção. A regulação pode ajudar a justiça a funcionar, nos últimos anos temos visto falta de regulação”.

 

https://jornaleconomico.pt/noticias/joe-berardo-tinha-agentes-de-execucao-a-sua-espera-a-saida-do-parlamento-443428

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