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Marques Mendes: Aeroporto “é exemplo da incompetência” “partilhada entre o Governo e o PSD”

O analista social-democrata acha que o segundo mandato de Marcelo Rebelo de Sousa vai ser mais interventivo e que a corrida Medina-Moedas será elevada. Quanto à pandemia, os professores são o próximo grupo a vacinar e o desconfinamento começa a 15 de março.
7 Março 2021, 21h37

A questão do novo aeroporto do Montijo, reprovado por pareceres desfavoráveis de algumas autarquias, “é o maior exemplo de incompetência do país”, partilhada pelo Governo e pelo PSD”, disse o analista Luís Marques Mendes no seu habitual comentário de domingo na SIC. “Não há competência nem capacidade de decisão”, disse, depois de elencar o largo historial de decisões que acabam por ser revertidas e de “avaliações que só servem para avaliar o que já estava avaliado”.

Para Marques Mendes, a decisão acabará por regressar ao “Montijo como aeroporto principal e a Portela como complementar” – até porque, recordou, “Alcochete é uma solução muito mais cara e mais demorada e tem também enormes problemas ambientais”. “A única boa notícia é que vão alterar a lei para impedir que os municípios continuem a poder inviabilizar” uma questão que é nacional, “coisa que nunca lhes deveria ter sido permitido”.

Sobre o segundo mandato de Marcelo Rebelo de Sousa, que tem formalmente início no próximo dia 9 de março, Marques Mendes disse que “vai ser diferente: o segundo mandato vai ser mais difícil” porque tem várias incógnitas: “temos eleições autárquicas; António Costa vai deixar a liderança do PS e do Governo em 2023, temos eleições em 2023, se não forem antecipadas. O que é que vai sair dali?”, questionou.

Mas há mais: “no plano económico, vamos sair bem da crise? O que vai acontecer com a bazuca europeia? Tudo isto vai tornar o mandato mais difícil. Marcelo vai ser mais interventivo, porque as circunstâncias assim o exigem – mas vai ser sempre moderado e não quer ser confundido com o líder da oposição”, afirmou.

O analista do PSD referiu-se também à questão das eleições autárquicas em Lisboa, para afirmar que “tanto Medina como Carlos Moedas ambicionam vir a liderar os seus partidos”, pelo que “vai ser um confronto equilibrado e elevado”. “Moedas tem uma grande capacidade de crescimento porque não tem anticorpos, muito menos à esquerda”, disse.

Marques Mendes disse ainda que, no plano político, tudo mudou: o ‘efeito Moedas’ impede que Medina “vá ter um passeio triunfal”. Aliás, disse, “se o PS perde Lisboa, vai ser um pântano político. Rui Rio sai reforçadíssimo, o espaço de manobra para quem lhe quiser disputar a liderança está muito diminuído”, concluiu.

Parte substancial do comentário semanal de Marques Mendes foi gasto com a pandemia. Nesta matéria, o analista disse que “em matéria de ranking mundial, a Europa está atrás de Israel, dos Estados Unidos, do Reino Unido. A autoridade europeia demora uma eternidade a tomar uma decisão sobre as vacinas – os outros reguladores agem mais rapidamente. E cada um fala para seu lado” no que tem a ver com vacinas alternativas”. De onde conclui que “o pior de tudo são os contratos – a Europa negociou mal: o barato sai caro, os outros negociaram melhor”.

Mas, “o processo no terreno, em Portugal, corre bem: a ideia que isto iria ser um desastre não se confirma: estamos acima da média europeia. Maiores de 80 anos, já há 43% que tomaram a primeira dose; profissionais de saúde, 70% tomaram a primeira dose; lares de terceira idade, os que não têm surtos, estão todos vacinados”.

Marques Mendes revelou ainda que “vai ser aprovada uma nova vacina, a da Johnson & Johnson, que tem só uma toma, o que a acrescentar à aprovação da vacina russa, são duas boas notícias. Vai também ser tomada a decisão de a vacina da Astra-Zeneca ser administrada aos maiores de 65 anos. Os professores vão ser vacinados com esta vacina”, disse.

“Os objetivos estão alcançados em termos de infetados, o fator R está abaixo de 1 e as incidências estão baixas; a média de internados, o objetivo será alcançado no final da semana; pior está o número de doentes internados em cuidados intensivos. Neste momento estamos quase a ser os melhores da Europa, quando chegámos a ser os piores da Europa”, disse ainda.

“Aqui chegados, faz sentido começar a desconfinar, senão a dada altura há um desconfinamento descontrolado, mas não se pode abrir sem regra”. Para o analista, “vamos ter dois momentos importantes: a reunião desta segunda-feira do Infarmed – que vai ser bastante mais conclusiva: vão ser apresentados dois planos para o futuro, um para critérios para futuros confinamentos, mas vai surgir um segundo plano que vai ser uma espécie de guia para o desconfinamento, que dará um conjunto de regras sobre como se pode começar agora o desconfinamento. São indicadores para os próximos seis meses”.

Marques Mendes disse que “vamos começar a desconfinar no dia 15: creches, pré-escolar e o primeiro ciclo do ensino básico; ainda está em dúvida se haverá desconfinamento do pequeno comércio; restaurantes e outros graus de ensino só depois da Páscoa; na Páscoa haverá proibição de circulação entre concelhos”.

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