[weglot_switcher]

Marques Mendes: “António Costa perde uma maioria absoluta que estava quase ao seu alcance”

“As nomeações de familiares, as questões laborais, tudo isto irrita as pessoas”, disse Marques Mendes.
14 Abril 2019, 21h26

Luís Marques Mendes, no seu habitual espaço de comentário na SIC, disse que  “António Costa perde uma maioria absoluta que estava quase ao seu alcance”. Reconhecendo que o primeiro-ministro está cansado por causa da intensa agenda internacional, disse que “António Costa é capaz do 8 e do 80, do melhor e do pior. É capaz de apear António José Seguro e a seguir perder eleições com Passos Coelho. É capaz de fazer a geringonça e depois deitar a perder uma maioria que estava ao seu alcance”, disse.

O PS já teve 21 pontos de diferença para o PSD e agora tem apenas 7.

O comentador  admite que possa haver uma surpresa negativa para o Governo do PS. “As nomeações de familiares, as questões laborais, tudo isto irrita as pessoas”, disse Marques Mendes.

António Costa forçou Mário Centeno a ficar no Governo o que mostra a força do ministro das Finanças e a fragilidade de António Costa.  “Mário Centeno é o trunfo eleitoral”, do Governo. “A dúvida é saber se ficar no próximo Governo também interessa a Mário Centeno. É que com o arrefecimento da economia ele não terá no futuro tão boas condições como teve até agora”, adiantou.

“É primeira vez que vejo uma dependência tão grande de um Governo do seu ministro das Finanças”, disse ainda o comentador político.

Costa valorizou exageradamente as Europeias “As eleições são sempre umas eleições muito difíceis para o Governo”, disse considerando que isto foi um erro do primeiro-ministro.

No seu comentário, Marques Mendes revelou ainda que Jerónimo de Sousa, líder do PCP, abriu pela primeira vez a porta a uma nova geringonça. O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, defendeu este domingo que a atual solução política, ainda que “insuficiente e limitada”, permitiu “abrir uma fenda na muralha da fortaleza da política de direita”.

No que se refere ao estudo sobre o futuro da Segurança Social lembrou que “o debate é útil, porque este problema é sério e toca a todos”.

As críticas do ministro Vieira da Silva, foram, na opinião do comentador, exageradas, quando disse que este estudo eram uma encomenda dos privados. “Até porque o estudo é feito por uma instituição pública, o Instituto de Ciências Sociais é público, e financiado pela entidade privada Fundação Manuel dos Santos. O estudo diz que Idade da reforma tem de subir para 69 anos para evitar quebra do sistema.

Este estudo aponta problemas e soluções, “podemos discordar das soluções para o futuro da Segurança Social”, mas a questão de fundo é que chama a atenção para um problema que tem quatro dimensões:  o envelhecimento acelerado da população – logo, mais pessoas a receber pensões de reforma; o aumento da esperança de vida – logo, mais pensionistas a receber reformas durante mais tempo; a diminuição da população – logo, e enquanto não se compensar isso com uma política de imigração inteligente, isto significa menos activos e descontar e consequentemente menos receitas para a Segurança Social; o estado da economia – basta um pequeno arrefecimento da economia e uma subida do desemprego para logo termos mais despesa social e menos receita”, defendeu Marques Mendes. O arrefecimento da economia mundial foi previsto pelo FMI esta semana.

“Se há matéria que justifica um Acordo de Regime é esta da reforma da Segurança Social (porque é reforma para uma ou mais gerações); mas o tempo certo para tratar desta matéria é no início e não no fim de uma legislatura”, realça.

Marques Mendes não deixou passar o discurso contraditório de Mário Centeno na entrevista ao FT, ao dizer que a mudança na política de austeridade não foi assim tão grande face ao Governo anterior. “O ministro disse a verdade ao FT”, realçou o comentador. Isto é contra o discurso oficial. “Mário Centeno tem a sua agenda própria”, defendeu.

Mas a verdade é que a austeridade acabou para pensionistas e funcionários públicos, mas não acabou para a classe média e nos serviços públicos.

“Surpreendentemente, Mário Centeno veio dizer ao Financial Times que, afinal, não houve uma mudança grande e radical na política de austeridade. Houve, sim, segundo ele, uma mudança mas pequena”, lembrou Marques Mendes.
“É um disparate político eleitoral”, considerou o comentador que lembra que estas declarações foram um bónus para a oposição.
 

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.