[weglot_switcher]

Marques Mendes: “Fica a sensação de que quem se mete com o Governo vai para a rua”

Afastamento do presidente do Tribunal de Contas e a proposta de lei do Governo que altera as regras de contratação pública foram apontados pelo comentador político como dois maus sinais numa altura em que a “bazuca” da União Europeia vai fazer chegar muito dinheiro a Portugal.
4 Outubro 2020, 21h45

O comentador político Marques Mendes criticou neste domingo o primeiro-ministro pela decisão de não reconduzir Vítor Caldeira na presidência do Tribunal de Contas, dizendo no “Jornal da Noite” da SIC que “fica a sensação, justa ou injusta de que quem se mete com o Governo vai para a rua”. Algo que, pelo menos neste caso, acredita não estar “nada longe da verdade”.

Elogiando o “mandato rigoroso, isento e independente” de Vítor Caldeira, o advogado e ex-presidente do PSD recordou que também no caso da antiga procuradora-geral da República Joana Marques Vidal o Executivo de António Costa defendeu a interpretação de que se tratava de um cargo em que só deve haver um mandato. No entanto, Marques Mendes defendeu que esse “é um princípio do Governo que não está escrito em lado nenhum” e salientou que Guilherme d’Oliveira Martins fez um excelente trabalho no Tribunal de Contas mantendo-se por mais do que um mandato.

Também muito criticada por Marques Mendes foi a proposta de lei com que o Governo pretende facilitar e agilizar a contratação pública, concordando com o parecer do Tribunal de Contas que, “da forma como está”, esse diploma “é um convite a menos transparência, a cartelização, a menos concorrência e, no limite, a corrupção”.

“Espero que o Governo e os partidos arrepiem caminho e mudem a proposta”, disse o comentador da SIC, admitindo que a “bazuca” decidida pela Comissão Europeia é “um terreno fértil para a corrupção”, na medida em que “quando há muito tentação existe sempre essa tentação”.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.