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Marques Mendes: “José Sócrates matou-se politicamente ao não explicar indícios de corrupção”

Comentador político também criticou “ingenuidade delirante” do juiz Ivo Rosa, apontando-lhe “várias decisões erradas na obsessão de destruir o trabalho do Ministério Público e de Carlos Alexandre”.
18 Abril 2021, 21h37

Marques Mendes disse neste domingo, no seu espaço de comentário no “Jornal da Noite” da SIC, que José Sócrates “matou-se politicamente ao não explicar os indícios de corrupção” na entrevista que concedeu na quarta-feira à TVI, cinco dias depois de ser conhecida a decisão instrutória do processo da Operação Marquês.

Na análise da entrevista em que José Sócrates “foi igual a si próprio”, considerando-o “egocêntrico”, “muito violento na retórica”, “a fazer-se de vítima” e “com uma relação muito difícil com a verdade”, Marques Mendes salientou que o ex-primeiro-ministro “pela enésima vez” não explicou porque “vivia à grande e à francesa, acima das suas possibilidades”, porque “vivia na dependência de um amigo que é um lobista do mundo dos negócios”, ou o motivo de as transferências de dinheiro eram feitas em notas e envolverem “linguagem cifrada” entre Sócrates e Carlos Santos Silva.

“Ao não explicar está a declarar-se a si próprio culpado e quantas mais entrevistas der, mais se enterrará”, defendeu o advogado e comentador político, sem poupar críticas à “ingenuidade delirante” do juiz Ivo Rosa no momento em que “criou a ficção” de o ex-presidente do Grupo Espírito Santo, Ricardo Salgado, ter transferido 30 milhões de euros para Carlos Santos Silva a título de consultoria.

Ainda segundo Marques Mendes, Ivo Rosa “tomou várias decisões erradas na obsessão de destruir o trabalho do Ministério Público e do juiz Carlos Alexandre”.

“Grande favor ao PS”

Quanto às críticas que José Sócrates fez ao seu antigo partido, o comentador da SIC defendeu que este “fez um grande favor ao PS”, na medida em que qualquer crítica de Sócrates só beneficia um partido que considera “genuinamente incomodado” com comportamentos que, mesmo que não constituam crimes, são “moral e eticamente indefensáveis”.

Rotulando o antigo primeiro-ministro de “ativo tóxico” que tem dado “um contributo enorme para o crescimento da extrema-direita em Portugal”, Marques Mendes disse que Fernando Medina “disse o que a maioria dos militantes e dirigentes socialistas pensam” ao dizer que o comportamento de José Sócrates corrói o funcionamento da vida democrática.

“Fernando Medina falou por ele e não me custa admitir que seja aquilo que pensam António Costa e a direção do PS”, acrescentou o comentador.

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