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Marques Mendes: Passos pode voltar no futuro a ser líder do PSD ou ser candidato presidencial

Marques Mendes pediu que o Congresso do PSD homenageasse Passos Coelho porque foi um Primeiro-Ministro que tirou o país da bancarrota e com isso fez história. O comentador anunciou ainda que Miguel Cadilhe vai publicar um estudo com sugestões fiscais para dinamizar o interior do país.
  • Flickr PSD
11 Fevereiro 2018, 22h00

Luís Marques Mendes, no seu habitual comentário na SIC, disse que a mudança da lei laboral não é uma prioridade.

“O Bloco e o PCP exigem que o Governo revogue as alterações feitas pelo anterior Executivo, a direita e Bruxelas dizem que é preciso mudar mas no sentido de maior liberalização e depois a posição do Governo que se dispõe a fazer alterações pequenas para favorecer os contratos permanentes, penalizar os contratos a prazo e o banco de horas individual”, contextualizou o comentador.

“O que me parece é que a mudança nas leis laborais não devia neste momento ser uma prioridade”, disse Marques Mendes que justifica com os números do desemprego. O desemprego tem vindo a cair (está em 8,1%) apesar da atual legislação laboral e a precaridade no emprego não está também a aumentar. Os números do INE desta semana mostram que do crescimento do emprego dos últimos dois anos são contratos com vínculos permanentes. Os dados do INE mostram que as pessoas com salários abaixo dos 600 euros tem vindo a diminuir e a aumentar os salários acima dos 900 euros/1.800 euros.

A queda nas bolsas na semana passada foi o tema de abertura do comentário de Marques Mendes deste domingo. Será que quando vier uma crise Portugal está preparado? A esta pergunta deixada no o comentador respondeu que a economia portuguesa está a crescer menos do que deveria e também não está a convergir com a Europa como deveria.

“Não estamos tão bem preparados [para uma futura crise] como deveríamos estar. Devíamos estar a crescer acima de 3%, estamos abaixo desse crescimento. Devíamos estar a convergir com a zona euro, mas vamos crescer menos que a Europa neste ano e no próximo. Devíamos estar a reduzir mais a dívida pública que é um dos nossos calcanhar de Aquiles. Temos ainda um défice de competitividade. Por exemplo o INE divulgou os dados esta semana e verifica-se que as exportações cresceram muito, mas as importações cresceram mais ainda, o que significa que o défice da balança comercial de mercadorias acentuou-se. Por tudo isto temos de fazer mais”, disse Marques Mendes.

O comentador diz que Portugal precisa que apostar em qualificações, “precisamos de pessoal qualificado”, precisa de apoiar mais o investimento, e apoiar a capitalização das empresas.

Miguel Cadilhe prepara choque fiscal a favor do interior

Marques Mendes notou que há uma tendência crescente de ouvir o interior do país e deu os exemplos do discurso de António Costa em Tondela a apelar a medidas de combate aos incêndios a adoptar no inverno. Deu o exemplo da  PSA Portugal (fábrica da Citroen) que apelou a que o Governo mudasse as portagens. O grupo Peugeot-Citroen avisa que a fábrica de Mangualde pode fechar se o preço das portagens para a classe 2 de veículos não baixar. E deu o exemplo de Alexandre Fonseca, CEO da Altice, a falar da expansão da fibra óptica para as zonas do interior (Serra da Estrela).  A Altice Portugal, já se sabe, vai ligar seis concelhos do maciço central da Serra da Estrela, num investimento de vários milhões de euros. Este projeto que, tem agora início, vai criar infraestruturas onde nunca houve, permitindo a ligação destas populações às autoestradas da informação, algo que nunca aconteceu em várias décadas. Seis concelhos (Seia, Covilhã, Manteigas, Gouveia, Fundão e Oliveira do Hospital) e perto de meia centena de freguesias, vão ser ligados através de fibra ótica da Altice Portugal potenciando a criação de valor nestes territórios e na região como um todo.

“Miguel Cadilhe está aí a preparar um estudo. para apresentar publicamente, de incentivos à criação de empresas no interior do país, uma espécie de choque fiscal a favor do interior”, anunciou Marques Mendes. Miguel Cadilhe é considerado o “pai” do IRS e IRC.

“Já há muitos anos que a justiça não atuava tão bem em Portugal” disse ainda Marques Mendes sobre o tema dos processos judiciais envolvendo pessoas em lugar de topo.

Congresso do PSD

O congresso do PSD  começa na sexta-feira e decorre até domingo no Centro de Congressos de Lisboa. “Rui Rio tem dificuldades sérias em se afirma. Desde logo a conjuntura em alta da economia e o bom momento de António Costa Terá uma dificuldade acrescida, por ser mais ao centro do que Passos Coelho pode vir a ser criticado pela direita do PSD. “Rui Rio pode ainda ser vítima de si próprio”, disse Marques Mendes que aponta a sua falta de iniciativa política. “Mas beneficia do efeito novidade”, disse. “Ideia de fazer pactos de regime”, que defende Rui Rio, é bom, segundo a opinião de Marques Mendes.

“Tem o efeito Cavaco a favor dele, Rui Rio é semelhante a Cavaco Silva, apesar da diferença dos tempos”, disse Marques Mendes que convida Rui Rio a marcar a agenda nos discursos do congresso, para liderar a agenda.

Rui Rio devia clarificar posições sobre o futuro Orçamento de Estado, se viabiliza ou não (não devia viabilizar, diz o comentador). O Congresso vai ser importante para que Rui Rio ganhe terreno para depois diminuir o fosso do PSD face ao PS.

Sobre Pedro Passos Coelho disse que “não foi um bom líder da oposição, mas foi um bom Primeiro-Ministro, determinado e corajoso, tirou o país da bancarrota e com isso fez história”. No futuro tem muitas possibilidades porque é novo, tem currículo, muitas competências, experiência.

“Passos Coelho pode um dia voltar a ser líder do PSD e até primeiro-ministro e pode até vir a ser candidato presidencial, depende da sua vontade e das circunstâncias políticas”, disse adianto que na sua opinião Passos tem vontade de voltar a ser primeiro-ministro.

Sobre o “bloco central” alemão, Marques Mendes diz que “a solução governativa – CDU de Merkel e o SPD – é boa, mas o que está a acontecer na Alemanha é terrível, porque está instalada uma crise política enorme”.

 

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